QUANDO AS COMUNIDADES FAZEM SUAS BARREIRAS FRENTE À PANDEMIA: ESTRATÉGIAS DE DEFESA DA VIDA E DOS TERRITÓRIOS DAS COMUNIDADES CAIÇARAS DE TRINDADE E PRAIA DO SONO, PARATY-RJ, BRASIL

Revista Tamoios

Endereço:
Rua Dr. Francisco Portela, 1470 - Patronato
São Gonçalo / RJ
24435-005
Site: https://www.e-publicacoes.uerj.br/ojs/index.php/tamoios/index
Telefone: (21) 3705-2227
ISSN: 1980-4490
Editor Chefe: Eduardo Karol
Início Publicação: 31/05/2005
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Geografia

QUANDO AS COMUNIDADES FAZEM SUAS BARREIRAS FRENTE À PANDEMIA: ESTRATÉGIAS DE DEFESA DA VIDA E DOS TERRITÓRIOS DAS COMUNIDADES CAIÇARAS DE TRINDADE E PRAIA DO SONO, PARATY-RJ, BRASIL

Ano: 2021 | Volume: 17 | Número: 1
Autores: A. R. Faro, L. C. R. Monteiro, J. Santos, D. Paiva, R. P. M. Monge
Autor Correspondente: A. R. Faro | [email protected]

Palavras-chave: barreiras comunitárias; comunidades caiçaras; território; Paraty

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde declarou a pandemia global de coronavírus. A repercussão na América Latina / Abya Yala foi imediata e diferentes medidas de confinamento e distanciamento social foram observadas. Como a pandemia pode fazer emergir, revelar e produzir barreiras e controles de populações e territórios que antes pareciam adormecidos ou latentes? Como algumas formas de barreiras são feitas não só pelo Estado, mas também por iniciativa das comunidades? A experiência social da pandemia e das formas de enfrentamento comunitário tem muito a nos ensinar sobre a dinâmica socioterritorial e política que ocorre hoje em vários cantos do continente. Este artigo apresenta as experiências de barreiras comunitárias feitas em duas comunidades tradicionais caiçaras no município de Paraty, estado do Rio de Janeiro, Brasil. São as comunidades da Praia do Sono e Trindade que promoveram bloqueios em defesa da vida e do território, em situações de conflito e negociação com os poderes do Estado. As comunidades caiçaras são grupos que se formaram a partir da mistura étnicocultural entre povos indígenas, colonos europeus e descendentes de africanos escravizados, assentados em áreas litorâneas entre os estados do Paraná e Rio de Janeiro. Essas comunidades são historicamente marcadas por conflitos e lutas territoriais. As barreiras foram estabelecidas através de arranjos comunitários, dada a impossibilidade de o poder público garantir o isolamento e a segurança física destas populações tradicionais, constantemente assediadas pelo turismo. Fazer a barreira não tem apenas como significado o fechamento de territórios, mas também a construção de formas mais autônomas de gestão da vida.



Resumo Espanhol:

En marzo de 2020 la Organización Mundial de la Salud declaró la pandemia global del coronavirus. La repercusión en América Latina/Abya Yala fue inmediata y fueron vistos diferentes medidas de confinamiento y distanciamiento social. ¿Cómo la pandemia puede hacer emerger, evidenciar y producir barreras y controles de poblaciones y territorios que antes parecían adormecidos o latentes? ¿Cómo algunas formas de barreras son hechas no solamente por el Estado, pero también por la iniciativa de las comunidades? La experiencia social de la pandemia y del enfrentamiento comunitario tiene mucho a enseñarnos sobre las dinámicas socio-territoriales y políticas que ocurren hoy en día en diversos rincones del continente. El presente artículo expone las experiencias de barreras comunitarias hechas en dos comunidades tradicionales caiçaras del municipio de Paraty, estado de Río de Janeiro, Brasil. Son las comunidades de Praia do Sono y Trindade que promovieron cierres en defensa de la vida y del territorio, en situaciones de conflicto y de negociación con los poderes del Estado. Las comunidades caiçaras son grupos que se formaron por la mezcla étnico-cultural entre pueblos indígenas, colonos europeos y descendientes de africanos esclavizados, asentados en zonas costeras entre los estados de Paraná y Río de Janeiro. Estas comunidades han estado históricamente marcadas por conflictos y luchas territoriales. Los cierres fueron establecidos a través de arreglos comunitarios, ante la incapacidad del poder público para garantizar el aislamiento y la seguridad física de estas poblaciones tradicionales, que son constantemente acosadas por el turismo. Hacer la barrera no tiene solamente el sentido de cierre de territorios, pero también el de producir maneras más autónomas de gestión de la vida.