Programa de retorno ao trabalho em um hospital de São Paulo: resultados iniciais, fatores facilitadores e obstáculos de uma perspectiva administrativa

Revista Brasileira De Medicina Do Trabalho

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ISSN: 16794435
Editor Chefe: [email protected]
Início Publicação: 30/06/2003
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Medicina

Programa de retorno ao trabalho em um hospital de São Paulo: resultados iniciais, fatores facilitadores e obstáculos de uma perspectiva administrativa

Ano: 2010 | Volume: 8 | Número: 2
Autores: Glacy Sabra Vieira, Débora Miriam Raab Glina, Marcelo Pustiglione, Lys Esther Rocha, Katia Maciel Costa-Black
Autor Correspondente: Glacy Sabra Vieira | [email protected]

Palavras-chave: reabilitação vocacional, prevenção terciária, serviços de saúde, saúde do trabalhador, pessoa com deficiência.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A incapacidade para o trabalho constitui-se num problema de Saúde Pública que acarreta transtornos aos
trabalhadores no retorno ao trabalho (RT) após apresentarem afastamento por agravo à saúde. O Programa de Saúde
Ocupacional de Retorno ao Trabalho (PROSORT) no hospital surgiu da necessidade de promover a reinserção do trabalhador
ao trabalho num contexto biopsicossocial, levando-se em conta sua queixa de saúde e o contexto da incapacidade,
assim como a permissão por parte da Previdência Social para o RT. Objetivo: Analisar os resultados do PROSORT
em um hospital cardiológico em São Paulo, indicando os facilitadores e obstáculos. Métodos: Estudo de caso realizado
entre maio de 2007 e janeiro de 2009, com 71 do total de 135 trabalhadores afastados que apresentaram incapacidade
para o trabalho; composto de síntese qualitativa de uma intervenção de RT e análise descritiva dos dados. Resultados:
O PROSORT é composto de cinco etapas: pesquisa médico-ocupacional e avaliação socioeconômica do funcionário;
preparação de RT; período de estágio; avaliação desse período; verificação de sucesso. A população foi composta por
62 pessoas do sexo feminino (87,3%) e 9 do sexo masculino (12,7%). O período de afastamento foi superior a 101 dias
para 64,7% dos funcionários. As patologias mais frequentes foram as osteomusculares, seguidas das doenças mentais.
A depressão foi o diagnóstico mais frequente (22,4%). Predominaram os riscos associados a aspectos ergonômicos e
psicossociais. Em 81,3% dos casos houve sucesso total ou parcial. Os facilitadores incluíram: apoio gerencial, equipe multiprofissional,
localização geográfica do setor de saúde ocupacional, apoio das chefias e participação dos trabalhadores.
Os obstáculos foram: equipe multiprofissional incompleta, dificuldades de inserção e aceitação do trabalhador e do
empregador em regime de retorno parcial, resistência do trabalhador ao retorno gradual, ausência de planejamento de
aumento crescente das atribuições, ausência de intervenções nos riscos ocupacionais, metas de produtividade e atuação
do INSS. Conclusões: O PROSORT representa uma proposta parcialmente bem sucedida na adoção de uma perspectiva
biopsicossocial e abrangente, baseando-se em equipe multiprofissional, envolvendo os vários atores internos e propondo
o trabalho modificado. Restam desafios a vencer e obstáculos a superar, dada a complexidade do processo de RT.



Resumo Inglês:

Background: The inability to work constitutes a Public Health problem that causes disorders to the workers in return to work (RTW) after sick leave. The �� � � �� � �� �� � ��� � � � �� � ��Occupational Health and Return to Work Program (PROSORT, acronym in Portuguese) in the hospital resulted from the need to promote the reintegration of the worker in a biopsychosocial context, taking into account his/her health complaint and the context of disability, as well as the permission from Social Security to RTW. Objective: To analyse the results of the PROSORT in a cardiologic hospital in São Paulo, Brazil, indicating the facilitators and obstacles. Methods: Case study held between May 2007 and January 2009, involving 71 of the 135 employees in sick leave with work disability; it was constituted of a qualitative synthesis of an intervention of RTW and descriptive analysis of the data. Results: The program is composed of five phases: occupational disease work history and social and economic evaluation; preparation of RTW; trainee phase and evaluation of this phase; success evaluation. The population was constituted by 62 women (87.3%) and 9 men (12.7%). The absence period was superior to 101 days for 64.7% of the employees. The most frequent diseases were musculoskeletal and mental diseases. Depression was the most frequent diagnosis (22.4%). Ergonomic and psychosocial risks predominated. The program was considered successful or partially successful in 81.3% of the cases. Facilitators included: top management support, multi-professional team, location of the occupational health sector, support from supervisors and workers’ participation. The obstacles were: incomplete multi-professional team, difficulties in the integration of the employee and the employer under modified work, employee’s resistance to gradual increase in tasks, lack of planning of intermediate stages, lack of intervention on occupational risks, productivity aims and the performance of the National Social Security Institute. Conclusions: PROSORT represented a relatively successful attempt in the adoption of a biopsychosocial and wide perspective, based on multi-professional teams, involving several internal stakeholders and proposing modified work. Challenges and obstacles still remain, given the complexity of the RTW process.