O desenvolvimento do modo capitalista de produção no campo brasileiro tem se
dado de modo desigual e contraditório: ao mesmo tempo em que o capital se
expande por alguns setores da agricultura estabelecendo relações capitalistas de
produção, contraditoriamente, cria/recria relações nãoâ€capitalistas de produção
no campo, entre elas as relações camponesas de produção (Oliveira, 1987). A
agricultura brasileira possui um histórico de concentração fundiária, com
indicadores negativos no que diz respeito à agricultura calcada no modo de
produção familiar. Na ParaÃba, de fato, a realidade não poderia ser diferente. As
terras cultiváveis estão concentradas nas mãos dos grandes proprietários,
enquanto que a participação das pequenas propriedades mantémâ€se baixa. Em
contraponto a essa realidade, fazemâ€se presentes os movimentos sociais de luta
pela terra e pela reforma agrária. Dentre muitos movimentos sociais na ParaÃba,
estão o MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e a CPT –
Comissão Pastoral da Terra. Além de liderarem os trabalhadores que lutam pela
terra, esses movimentos enfrentam um novo desafio: contribuir para a
sustentabilidade da pequena produção reformada, pois observaâ€se um declÃnio
contÃnuo da produtividade das culturas alimentares e a degradação do ambiente
em regiões semiâ€Ã¡ridas, constantemente agravado pela ação antrópica. A
realização deste trabalho está calcada no levantamento e no registro de
informações, que foram efetuados durante viagem de reconhecimento realizada
no mês de fevereiro de 2008. O itinerário da viagem compreendeu desde o litoral
até o sertão da ParaÃba, com paradas em vários Projetos de Assentamento e
acampamentos. Observouâ€se que as diferenças naturais são extremamente
importantes para o desenvolvimento das atividades agrÃcolas e para a reprodução
da pequena propriedade familiar nos diferentes espaços percorridos. Esse quadro
diversificado tem impactos importantes no processo de territorialização dos
movimentos sociais, colocandoâ€se a necessidade de encamparem também a luta A produção do espaço agrário no semi-árido paraibano no contexto dos movimentos de luta pela reforma
agrária: MST e CPT em foco
OKARA: Geografia em debate, v.3, n.1, p. 72-82, 2009
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pelo desenvolvimento e pela prática de uma agricultura sustentável, requerendo
desenhos diferenciados em cada compartimento do espaço pesquisado.