Este artigo foca nas possibilidades de compreender a festa da folia de reis através da literatura da Antropologia do Corpo, analisando a comunidade festiva através dos corpos de dois personagens principais para a festa do arremate: o mestre e o palhaço. Dentro da lúdica brincadeira dos palhaços encontramos um ritual complexo que relaciona versos de memória, devoção, conhecimento dos códigos que regem o grupo de foliões. A apropriação indevida do fundamento da folia pode tomar grandes proporções e gerar um conflito entre tais sujeitos, tornando a “performance” religiosa em um campo agonístico. O evento revela como o domínio de um conhecimento específico não se manifesta apenas no campo do intelecto, mas compreende em um fenômeno que se expande para todo o corpo, proporcionando um jogo que coloca em risco o prestígio e autoridade dos mestres e palhaços das folias de reis.