Por uma fala: o negro corpo do discurso

Opiniães

Endereço:
Av. Prof. Luciano Gualberto, 403, salas 04 e 09 - Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas, FFLCH, USP - Butantã / Cidade Universitária
São Paulo / SP
05508-900
Site: http://revistas.usp.br/opiniaes
Telefone: (11) 3091-4289
ISSN: 25258133
Editor Chefe: Comissão Editorial
Início Publicação: 31/12/2009
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Letras

Por uma fala: o negro corpo do discurso

Ano: 2017 | Volume: 1 | Número: 10
Autores: Fabiana Carneiro da Silva
Autor Correspondente: F. C. Silva | [email protected]

Palavras-chave: corpo negro e discurso, Um defeito de cor, intelectuais negras

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A necessidade de conceder centralidade ao debate sobre negritude e racismo no Brasil é uma reivindicação de longa data, realizada, sobretudo, pela população negra articulada em uma variedade de agrupamentos político-culturais. Ela remete a um dado concreto e complexo da sociedade brasileira contemporânea: a exclusão e/ou subalternização do negro e da negra do processo que em diversos âmbitos constituiu o que se entende como este estado-nação.  Neste artigo, tendo como pressuposto desdobramentos analíticos sobre a dicção de Kehinde, narradora do romance Um defeito de cor, pretendo refletir sobre o gesto de escrita da autora negra Ana Maria Gonçalves e num encadeamento autorreflexivo sobre meu próprio gesto de escrita enquanto intelectual não-branca. Na medida em que essas vozes buscam  visibilizar uma herança violenta, monstruosa, de um sistema em que a perversão escravista foi administrada sob o respaldo da racionalidade, proponho a investigação dos fundamentose limites de um discurso sobre negritude, os quais se inscrevem no corpo do sujeito enunciador. Desse modo,  retomo o debate sobre experiência e teoria,  atribuindo ao corpo negro o poder de interpelar a ideologia nacionalista e exigir que se repense o vínculo dos lugares de enunciação com o sistema historicamente engendrado e atualmente operante no Brasil.



Resumo Inglês:

The need to give centrality to the debate about blackness and racism in Brazil is a long-standing claim, carried out, mainly, by the articulated Black population in a variety of political and cultural groups. It refers to a concrete and complex aspect of contemporary Brazilian society: the exclusion and/or subordination of Black men and women within the process that, in several areas, constituted what is understood as this nation-state. In this article, considering analytical developments in the diction of Kehinde, the narrator of Um defeito de cor, I intend to reflect upon the writing gesture of the Black author Ana Maria Gonçalves and on my own act of writing as a nonwhite intellectual. As these voices seek to make visible the violent and monstrous heritage of a system in which slavery perversion was administered under the support of rationality, I propose the investigation of the principles and limits of the discourse of blackness, which is inscribed in the enunciator’s body. Thus, I conjure up the debate on experience and theory, ascribing to the black body the power to question nationalist ideology and to demand the reevaluation of the relationship between enunciation positionalities and a system that is historically engendered and currently operating in Brazil.