PARA QUE PRECISAMOS DO CONTEÚDO DISJUNTIVO?

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ISSN: 19822928
Editor Chefe: Araceli Velloso
Início Publicação: 30/06/1996
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Filosofia

PARA QUE PRECISAMOS DO CONTEÚDO DISJUNTIVO?

Ano: 2005 | Volume: 10 | Número: 2
Autores: Ernesto Perini-Santos
Autor Correspondente: Ernesto Perini-Santos | [email protected]

Palavras-chave: percepção, conteúdo disjuntivo, objetividade, John McDo- well

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A idéia que existe um conteúdo comum à percepção e à mera aparência da percepção parece natural: ter uma ilusão não é outra coisa senão ter uma experiência que é subjetivamente indistingüível da percepção, e isto pode ser explicado pela identificação do conteúdo comum aos dois casos. Contra a postulação de um estado mental comum à percepção e à ilusão, alguns autores como P. Snowdon e J. McDowell propuseram uma teoria disjuntiva do conteúdo sensorial. Se um sujeito tem a impressão de perceber algo, ou bem ele percebe de fato, ou é para ele como se ele percebesse. Se esta teoria evita um estado mental “disponível para a experiência nos casos em que há engano e naqueles em que não há engano” (McDowell), o recurso à concepção disjuntiva do conteúdo não é necessário para tanto. Apresento três argumentos contra a teoria disjuntiva da percepção. O primeiro argumento é que não é certo que a teoria disjuntiva possa ser útil na explicação da experiência perceptiva, tanto do ponto de vista da primeira pessoa, quanto do ponto de vista da terceira pessoa. Em seguida, ela não é uma teoria estável do conteúdo perceptivo. Ao considerarmos o desenrolar da experiência no tempo, o interesse de um conteúdo disjuntivo parece bem menos claro, os membros da disjunção vão rapidamente se distinguir. Finalmente, parece-me que a consideração de alguns aspectos da diferença entre a percepção efetiva e pelo menos alguns casos de ilusão perceptiva sugerem um outro caminho para explicar como a percepção nos põe em contato com o mundo.



Resumo Inglês:

The idea that there is a content that is common to perception and to the mere appearance of perception seems a natural one: to have an illusion is nothing else than to have an experience that is subjectively indistinguishable from perception, and the explanation of this fact by the coincidence of content in both situations comes very easily to the mind. Against this theory of the content of experience, some authors such as P. Snowdon and J. McDowell recommend a disjunctive theory: when it looks to a subject S that there is an F, then either there is something which looks to S to be F or it is to S as if there is something which looks to him to be an F. I argue that a disjunctive theory of content is not necessary to the refusal of a common content, “available to experience in the deceptive and the non-deceptive cases alike” (McDowell). The first argument is that it is not clear that a disjunctive theory can be of any use either from the first-person point of view or from a third-person point of view. The second point against a disjunctive theory is that it is unstable: as we consider experience as extended in time, the disjuncts diverge quite clearly. The final argument is that the disjunctive theory is not able to accomodate certain differences between perception and at least certain cases of perceptual illusions.