Os Surdos e a surdez: contradições sobre o conceito – de que lado está a educação?

Revista Forum

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ISSN: 2525-6211
Editor Chefe: Tiago Ribeiro da Silva
Início Publicação: 31/12/2014
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Educação

Os Surdos e a surdez: contradições sobre o conceito – de que lado está a educação?

Ano: 2015 | Volume: 0 | Número: 32
Autores: Eduardo de Campos Garcia
Autor Correspondente: Eduardo de Campos Garcia | [email protected]

Palavras-chave: Surdo. Surdez. Identidade Patológica.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Este artigo tem a intenção de provocar a reflexão em torno de dois conceitos que, embora tenham sido naturalizados como constituintes da identidade surda, possivelmente são, no território da biopolítica, antagônicos. O artigo tem como base as informações que foram trazidas em um dos capítulos da minha tese de doutorado na qual questões sobre a formação da identidade e comunidade de surdos foram levantadas, entre essas, os significados atribuídos às palavras surdo e surdez (não são sinônimas). Por uma questão de organização, o artigo tem como ponto de partida o discurso socioantropológico, cujo princípio abrange a defesa dos grupos minoritários e, entre esses, a comunidade de surdos, perpassa pelo poder clínico e sua perpétua ação para promover a naturalização do seu discurso em diversas instâncias sociais e chega na atual formação do discurso que abarca e se reproduz fazendo da “surdez” uma marca “a favor/contrária” da identidade surda. A análise crítica, aqui exposta, alerta que é preciso ter cautela quando o conceito de surdez se torna naturalizado na pessoa e na comunidade de surdos porque surdez, a priori, é um conceito que contradiz as tentativas de compreensão de que surdo é uma identidade étnico linguística. Surdez não faz referência à cultura, mas à qualidade patológica. A surdez, quando naturalizada, dissolve toda a luta das pessoas surdas em função do seu direito como brasileiro e como povo. Conserva-a, sem que se dê conta, no estágio patológico instituído no século XIX sobre Les maladies de l'oreille. Portanto, surdez não se relaciona com identidade -  a menos que essa demarque mal funcionamento do ouvido -, mas com enunciação de um corpo identificado clinicamente como patológico.