O Teste Projetivo Omega como instrumento diagnóstico em orientação profissional

Avaliação Psicológica

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ISSN: 2175-3431
Editor Chefe: Nelson Hauck Filho
Início Publicação: 01/01/2020
Periodicidade: Trimestral
Área de Estudo: Psicologia

O Teste Projetivo Omega como instrumento diagnóstico em orientação profissional

Ano: 2003 | Volume: 2 | Número: 1
Autores: Bardagi, Marúcia P., Sparta, Mônica
Autor Correspondente: Bardagi, Marúcia P. | [email protected]

Palavras-chave: Avaliação Psicológica

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A Orientação Profissional é um processo no qual a utilização de recursos como testes, escalas, dinâmicas de grupo, técnicas expressivas e artísticas, por parte do orientador, é bastante ampla e desejável. No entanto, ao contrário do cenário internacional, onde o uso de instrumentos psicométricos e projetivos é amplo e há um constante desenvolvimento de testes voltados para a avaliação vocacional, no Brasil, pela tradição histórica, é mais comum o uso de dinâmicas nas intervenções em grupo, sendo os instrumentos mais freqüentes na área da pesquisa. Talvez por essa razão haja uma defasagem, no âmbito nacional, no desenvolvimento e na atualização dos testes existentes para uso em orientação profissional.

Muitos profissionais estão familiarizados com os instrumentos disponíveis para investigação de interesses e habilidades profissionais (Angelini & Angelini, s/d; Del Nero, 1975) ou mensuração de características vocacionais como maturidade de carreira (Neiva, 2000) e dificuldades para tomada de decisão (Primi & cols, 2000), entre outros. No entanto, há uma área ainda pouco explorada pelos profissionais e pesquisa-dores em orientação e desenvolvimento vocacional, que é o momento diagnóstico. Nesse sentido, esta nota objetiva apresentar o Teste Projetivo Omega (TPO, VillasBoas Filho, 1972) como um recurso diagnóstico para o orientador profissional.

Momento em que o uso de instrumentos é ainda pouco substancial, o período diagnóstico caracteriza a busca de um primeiro entendimento das condições do indivíduo (especificamente, um entendimento da dinâmica da dúvida/dificuldade de escolha ou construção do projeto profissional) com o objetivo de estabelecer o contrato de trabalho ou realizar o encaminhamento para outro tipo de atendimento. Nesta etapa, é importante o estabelecimento de um prognóstico de orientabilidade, ou seja, uma avaliação das possibilidades do indivíduo se beneficiar do trabalho oferecido no âmbito da Orientação Profissional. Para realização dessa avaliação, são utiliza-dos, principalmente, instrumentos projetivos como o Teste de Apercepção Temática (Murray, 1995; Souza, 1995), em uma versão reduzida, e o TPO.

Elaborado pelo Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro em 1966, tendo como inspiração o próprio TAT, o TPO desde 1972 tem a forma atual. Por não utilizar marcadores de tempo ou espaço em suas quatro situações-estímulo, o teste não sofre o desgaste de outros instrumentos visuais. Em aplicação individual ou coletiva, o indivíduo é instruído a observar as imagens, criar uma estória a partir das mesmas, intitulá-las e, ao final, responder ao inquérito do aplicador.

Suas lâminas foram elaboradas, segundo Oliveira (2000, 2002) com o objetivo de investigar conflitos básicos envolvidos na dinâmica da escolha, especialmente em se tratando de clientes adolescentes, quais sejam, a auto-identificação, identificação de gênero e identificação com o sexo oposto (lâmina I); a identificação das experiências de interação com grupos, família e amigos (lâmina II); a identificação de afetos e atitudes em relação à autoridade (lâmina III) e a identificação de experiências de tomada de decisão, colocação existencial do sujeito e perspectiva de futuro (lâmina IV). Parte-se do princípio, para a avaliação de orientabilidade, que quanto melhor resolvidos os clientes estão em termos de sua identidade pessoal e sexual, sua interação com o grupo familiar e de pares e quanto à autonomia, auto-estima e construção de projetos realísticos, a possibilidade de sucesso no processo de orientação profissional e na tomada de decisão é maior.

A interpretação do TPO se assemelha à de outros testes de apercepção temática, constituindo-se de uma análise formal (resumo do tema, relação com a natureza do estímulo, coerência e vocabulário e maturidade e adequação à realidade), uma análise de conteúdo (motivação e estado interno do herói, tipo de ambiente, análise da interação e do desfecho) e uma síntese da interpretação. É importante ressaltar que instrumentos como o TPO não substituem o processo de orientação ou as entrevistas diagnósticas. Sua interpretação não é rígida, não vai determinar a participação do indivíduo no processo de OP ou dizer se ele vai conseguir escolher ou não, mas sim, sinalizar ao orientador eventuais potencialidades ou limitações do processo frente às características individuais desse cliente no momento.

No processo de OP sempre é recomendável observar (especialmente em intervenções com clientes adolescentes) o nível de maturidade e a capa-cidade de escolha, a organização da personalidade, os históricos familiar e escolar, o manejo das situações da adolescência e prognóstico da relação orientador-orientando. Nesse sentido, testes como o TPO e o TAT podem ser instrumentos interessantes pois ampliam a visão do orientador sobre aspectos mais globais da vida do orientando, facilitando a identificação dessas características e auxiliando o orientador na elaboração do processo de atendimento. Além disso, identificam, ainda, aspectos que podem levar a uma indicação de psicoterapia anterior, concomitante ou posterior ao processo de OP.