O homem em sua finitude é devorado pelo tempo e marcado pela relação dialética entre o “espaço de experiência†e o “horizonte de expectativaâ€, categorias históricas criadas por Reinhart Koselleck, capazes de fundamentar a possibilidade de uma história. A crônica, gênero narrativo que se firmou no Brasil desde meados do século XIX, tece o tempo, a história e a ficção, a princÃpio, em coluna de rodapé e gradativamente ganhando espaço nos jornais até transformar-se no que conhecemos hoje. E, pelas mãos de Machado de Assis, retrata com a “pena da galhofaâ€, a “tinta da melancolia†e a “agulha da imaginaçãoâ€, os fatos históricos mais importantes e contraditórios do seu tempo: a escravidão e a Abolição, o Império e a República, as crenças dos antepassados e o avanço da ciência, as velhas ruas alumiadas com azeite de peixe e a urbanização, os antigos hábitos e os novos costumes adquiridos com a vinda da famÃlia real em 1808. E, como atesta John Gledson, Machado desejava retratar a natureza e o desenvolvimento da sociedade em que vivia. Passado e futuro em constante embate narrados com o ceticismo do velho bruxo, é a proposta desse trabalho.