Neste artigo, discutimos a aplicação do método etnográfico na pesquisa cientÃfica em Administração. Especificamente, ele tem por objetivo analisar como diferenças de cunho colonial preservam hierarquias sociais que acabam se manifestando na prática desse gênero de pesquisa. Resultado de uma etnografia realizada em uma organização britânica, a análise aborda como o pesquisador brasileiro é percebido pelo pesquisado europeu. Para compreender essa relação, utilizamos a abordagem póscolonial e sua crÃtica ao eurocentrismo e à sua pretensão de alcançar um conhecimento “uni-versalâ€. Os resultados permitem
concluir que mesmo na função de pesquisador, o sujeito não europeu, ao tomar o sujeito europeu como o Outro da pesquisa, torna-se alvo de uma inversão que o desloca de volta para a posição do Outro, visto pela epistemologia tradicional como objeto de pesquisa do sujeito europeu.
This paper discusses the application of the ethnographic method in management research. Specifically, it aims to examine how colonial differences preserve social hierarchies that end up being expressed in the practice of scientific research. Using data gathered during an ethnography conducted in a British organization, the analysis addresses how the Brazilian researcher is perceived by Europeans. To analyze this process, we drawn on the postcolonial perspective, especially in its critique of the Eurocentrism and its critique of the desire to develop a “universal†knowledge.
The results demonstrate that even in the role of researcher, when the non-European subject takes the European subject as the Other in the research process, he ends up being the target of an inversion that moves him back to the position of the Other, perceived by the traditional epistemology as
research object of European subject.
En este artÃculo discutimos la aplicación del método etnográfico en la investigación cientÃfica en Administración. EspecÃficamente, el artÃculo tiene por objetivo analizar cómo diferencias de carácter colonial preservan jerarquÃas sociales que acaban manifestándose en la práctica de ese género de investigación. Resultado de una etnografÃa realizada en una organización británica, el análisis aborda cómo el investigador brasileño es percibido por el investigado europeo. Para comprender esa relación, utilizamos el abordaje poscolonial y su crÃtica al eurocentrismo y a su pretensión de alcanzar un conocimiento “universalâ€. Los resultados permiten concluir que aun en la función de investigador, el sujeto no europeo, al tomar al sujeto europeo como el Otro de la investigación, se convierte en objeto de una inversión que lo coloca de vuelta en la posición del Otro, visto por la epistemologÃa tradicional como objeto de investigación del sujeto europeo.