A perda e a extinção das línguas indígenas ao longo da história e, principalmente, nas últimas três décadas, a uma velocidade nunca antes observada, têm levado lingüistas de todo o mundo não só a chamarem a atenção sobre esse fenômenos mas, entre outros aspectos, a defenderem o uso de pesquisas ociolingüísticas que mostrem quando uma língua está se erdendo, mais especificamente, a criarem tipologias sociolingüísticas que apontem caminhos para evitar a sua perda e possibilitar a sua (re)vitalização. Esse artigo apresenta: (i) os motivos para a manutenção dessas línguas; (ii) as razões de sua perda, e (iii) as tipologias ora disponíveis e traz um primeiro relato da situação sociolingüística dos Avá-Canoeiro, da Área Indígena Avá-Canoeiro, GO, realizado em fevereiro e agosto de 2002. Faz-se um percurso histórico do contato do grupo com a sociedade envolvente, a fim de situá-los no cenário atual e compreender a situação sociolingüística do grupo no momento. Eventos/cenas de fala são descritos com o foco na alternância de línguas (code switching), pois esse aspecto de uso da língua em sociedades bilíngües, mostra se a língua nativa está sendo deslocada ou não. Apesar de ser um relato sociolingüístico inicial do grupo, fatos importantes são apontados e estão ervindo de subsídios para um programa de educação escolar ora em andamento na comunidade.
All over the world the accelerated death of minority languages, mainly the indigenous ones, has been calling the attention of linguists who have been assuming the need not only of sociolinguistic studies but also of new sociolinguistic typologies as a way of bringing forth programs of (re)vitalization of those endangered languages. This article presents the reasons for the maintenance of those languages and those related to their loss, the up to date sociolinguistic typologies as well as a preliminary report, which wasdone in February and August of 2002, on the sociolinguistic situation of the Avá-Canoeiro indigenous people who are living at the Area Avá-Canoeiro, in the state of Goiás. In order to correctly apply the typology chosen for this study the historical contact of the group with the whites is showed giving support to the analysis of code switching among the Avá themselves and the whites living in the area. It is assumed by this author that code switching studies can be seen as a good tool to show how “safe” the native language is and to give support to the linguistic and educational actions under way among those people.