O outro como um espelho: um estudo acerca do jogo de espelhos na Antropologia Clássica a partir das obras de Marcel Mauss, Radcliffe-Brown e Margaret Mead

Revista Equatorial

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Telefone: (84) 3342-2240
ISSN: 2446-5674
Editor Chefe: Angela Facundo Navia
Início Publicação: 31/07/2013
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Antropologia, Área de Estudo: Sociologia

O outro como um espelho: um estudo acerca do jogo de espelhos na Antropologia Clássica a partir das obras de Marcel Mauss, Radcliffe-Brown e Margaret Mead

Ano: 2015 | Volume: 2 | Número: 2
Autores: Roberto Izoton
Autor Correspondente: R. Izoton | [email protected]

Palavras-chave: teoria antropológica, etnografia, jogos de espelho, sociedades ditas primitivas, sociedade ocidental.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Este trabalho se debruça sobre uma tendência que pensamos ser comum à antropologia produzida até meados do século XX: o estudo das sociedades ditas primitivas com o objetivo de responder a questões pertinentes às sociedades dos próprios antropólogos. Tal tendência parte do princípio de que as aquelas sociedades seriam mais simples que as sociedades ocidentais, por isso as primeiras serviriam como laboratórios para a investigação de problemas que afetariam as segundas. Para demonstrar nossa proposição, exploraremos textos escritos por Marcel Mauss – que, ao discorrer sobre os sistemas de prestações totais existentes em diversas sociedades ditas primitivas, demonstra que tais sistemas promoveriam o vínculo entre as pessoas, vínculo este que deveria ser retomado em nossas sociedades, nas quais vigorariam o contrato individual puro –, Radcliffe-Brown – que, por meio de seus estudos sobre a estrutura social nas sociedades primitivas, distingue evolução social de progresso e questiona se o progresso alcançado pela sociedade ocidental representa a sua evolução, devido à capacidade destrutiva de suas tecnologias, invenções e descobrimentos – e Margareth Mead – que, ao demonstrar, por meio de dados etnográficos obtidos entre três povos da Nova Guiné, a inexistência de uma vinculação necessária entre sexo, temperamento e personalidade, questiona a padronização de personalidades e comportamentos sexuais da sociedade norte-americana. Assim, abarcaremos autores que pertenceram a matrizes teóricas diferentes com o objetivo de demonstrar a maneira por meio da qual eles estudaram o Outro tendo em vista questões de suas próprias sociedades, ou, então, tomaram o Outro como um espelho no qual buscaram observar refletidas imagens de si mesmos. Nas nossas considerações finais, discutiremos também o retorno do olhar do antropólogo para a sua própria sociedade, a partir de meados do século XX, e destacamos que, ainda assim, o antropólogo deve manter a atitude de estranhamento frente a seu objeto.



Resumo Inglês:

This work focuses on a trend we believe to be common to anthropology produced until mid-twentieth century: the study of so-called primitive societies as a way to answer relevant questions about the anthropologists' own societies. This trend assumes that those societies would be simpler than Western societies, so the first would serve as laboratories for research problems that would affect the latter. To demonstrate our proposition, we will explore texts written by Marcel Mauss – which, when referring to the existing total benefit systems in many so-called primitive societies, shows that such systems would promote the bond between people and that this relationship should be taken up in our societies in which the pure individual contract is in effect –, Radcliffe-Brown – which, through its studies on the social structure in primitive societies, distinguishes social evolution from progress and questions whether the progress made by Western society means any evolution, due to the destructive capacity of its technologies, inventions and discoveries – and Margaret Mead – which, by demonstrating through ethnographic data obtained from three people of New Guinea the absence of a necessary link between sex, temperament and personality, questions the standardization of personalities and sexual behaviors of American society. Therefore we will approach authors belonging to different theoretical frameworks in order to show the way by which they studied the Other considering issues of their own societies, and then took the other as a mirror in which they sought to observe their reflected images. In our conclusion we also discuss the return of the anthropologist's gaze to their own society, from the mid-twentieth century onwards, and we emphasize that, still, the anthropologist should maintain the attitude of estrangement in front of it's subject.