Este artigo consiste em uma reflexão sobre o caráter dual e complexo da interpretação de Nietzsche sobre a metafÃsica. Argumenta-se que as crÃticas do filósofo não têm por alvo a metafÃsica em si, mas sua subsistência anacrônica e continuada nos valores e instituições do mundo moderno. A dicotomia entre o mundo sensÃvel e uma dimensão transcendente e superior, embora de incontestável valia em certo momento da história humana, passou a se constituir, na era moderna, num formidável entrave à expressão da vontade de poder do homem e, portanto, à sua sobrevivência enquanto tal.
This article reflects upon the dual and complex character of Nietzsche’s interpretation of metaphysics. It is argued that the philosopher’s criticisms are not directed at metaphysics as such, but rather at its anachronistic and continued presence in the values and institutions of the modern world. The dichotomy between the world of sense experience and a transcendent and superior realm, though of unquestionable value at a certain point in human history, came to be, in the modern era, a fearsome obstacle to the expression of man’s will to power, and, hence, to his very survival.
