O Nascimento do Brasil: Revisão de um paradigma historiográfico

Anuário Antropológico

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Universidade de Brasília, Campus Darcy Ribeiro, Departamento de Antropologia, Editores do Anuário Antropológico
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Site: https://journals.openedition.org/aa/
Telefone: (61) 3107-7299
ISSN: 1024302
Editor Chefe: Kelly Silva
Início Publicação: 30/06/1976
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Antropologia

O Nascimento do Brasil: Revisão de um paradigma historiográfico

Ano: 2010 | Volume: 1 | Número: 1
Autores: João Pacheco de Oliveira
Autor Correspondente: A. S. Lobo | [email protected]

Palavras-chave: antropologia histórica, índios do Nordeste, guerra de conquista, formação do Brasil-Colônia, categorias e saberes coloniais.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A história do Brasil como é habitualmente contada torna inteiramente inviável pretender compreender a importância dos indígenas na fundação da colônia bem como na construção da nacionalidade. Sem que
se exerça sobre ela uma crítica radical, apontando sua ineficácia enquanto instrumento descritivo e analítico, explicitando os pressupostos políticos e ideológicos em que se assenta, rompendo com o paradigma historiográfico existente, é impossível compreender os processos atuais de mobilização política, re-elaboração cultural e demarcação identitária pela qual passam as populações indígenas do nordeste, área onde começou a colonização do país. A categoria de “pacificação”, que constituiu
um dos pilares básicos da política colonial e ainda hoje se expressa na classificação dos indígenas segundo um gradiente que vai de “isolados” a “integrados”, só tem valor militar e administrativo, não analítico. As narrativas e interpretações produzidas pela história oficial sobre os indígenas
desconhecem por completo a especificidade dos seus pontos de vista e de suas estratégias. Classificam de forma maniqueísta, através da oposição extermínio e proteção, as ações e episódios em que estão
envolvidos os indígenas sem chegar a uma compreensão efetiva do espaço político que ocuparam e das múltiplas formas de resistência que colocaram em prática. Ao assim proceder tal discurso revela-se como
peça fundamental para legitimar a tutela,naturalizando-a, e persistindo em ignorar as vozes e iniciativas dos indígenas reais.