O EXERCÍCIO DA MORTE (MELÉTE THANÁTOU) NO PRAKTIKÓS DE EVÁGRIO PÔNTICO

Síntese

Endereço:
Av. Dr. Cristiano Guimarães, 2127 - Planalto
Belo Horizonte / MG
31720300
Site: http://periodicos.faje.edu.br/index.php/Sintese
Telefone: (31) 3115-7054
ISSN: 2176-9389
Editor Chefe: Luiz Carlos Sureki
Início Publicação: 31/12/1973
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Filosofia

O EXERCÍCIO DA MORTE (MELÉTE THANÁTOU) NO PRAKTIKÓS DE EVÁGRIO PÔNTICO

Ano: 2021 | Volume: 48 | Número: 151
Autores: Marcus Reis Pinheiro
Autor Correspondente: Marcus Reis Pinheiro | [email protected]

Palavras-chave: exercício da morte, evágrio pôntico, fédon, platão, monasticismo

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Resumo: Neste artigo, apresentaremos alguns aspectos do exercício da morte (meléte thanátou) ou lembrança da morte (mnéme thanátou) em Evágrio Pôntico (346d.c.-400d.c.), traduzindo e comentando dois capítulos do Praktikós, o 29 e o 52. Tal exercício tem como locus clássicus o diálogo platônico em que Sócrates encontra seu fim, o Fédon (63b – 69e; 80e-81a). Assim, tendo como horizonte suas características neste diálogo, o presente artigo analisa os textos de Evágrio indicando torções, inovações e continuidades frente ao texto platônico. O roteiro que seguiremos será primeiro (1) uma apresentação sumária do modo como o exercício aparece no Fédon, depois, (2) uma rápida visão geral dos textos ascéticos dos inicios do monasticismo cristão (especialmente como ele aparece na Vida de Santo Antão, de Atanásio), para por fim, (3) analisar os textos de Evágrio mencionados. Podemos perceber ao longo da pesquisa uma distinção clara entre Platão e Evágrio: os aspectos epistêmicos, centrais no Fédon, não estão presentes nos textos de Evágrio indicados acima. Na medida em que o exercício da morte se vincula à parte prática da obra de Evágrio, os assuntos epistêmicos são pouco centrais na descrição do exercício em questão, mesmo que o télos de toda ascese seja algum tipo de conhecimento, a gnósis. Há ainda outra diferença importante, apesar de secundária. Além disso, nos textos de Evágrio analisados, o exercício da morte é também um exercício de imaginação que leva à urgência para com a ascese: Em Evágrio, deve-se ter em mente uma possível proximidade da morte para que a vida excelente seja vivida urgentemente.



Resumo Inglês:

Abstract: This paper presents some aspects of the exercise of death (meléte thaná­tou) or memory of death (mnéme thanátou) in Evagrius Ponticus (346, - 400 AD.) through the translation and commentary of chapters 29 and 52 of the Praktikós. The locus classicus of this exercise of death is the Phaedo (63b – 69e and 80e – 81a), the platonic dialogue in which Socrates meets his end. Based on the dialogue characteristics, the paper analyses Evagrius Ponticus ´ texts showing the twists and turns, innovations, and continuities in comparison to the Platonic dialogue. Our approach will first (1) briefly describe the way in which the exercise is presented in the Phaedo, (2) give a quick overview of the ascetic texts of early Christian monasticism (especially how it appears in Athanasius ´Life of Saint Antony by Athanasius), and, lastly, (3) examine the Evagrian texts mentioned above. Throughout the research, a clear distinction was drawn between Plato and Evagrius: the epistemic aspects, central to the Phaedo, are absent from the Evagrian texts discussed. As the exercise of death is linked to the practical part of Evagrius´ work, the epistemic issues are not at central to the description of the exercise in question. Though it is secondary, another important difference is that in Evagrius´ texts, the exercise of death is also an exercise of imagination which leads to an urge to asceticism. For Evagrius, it is only possible to lead an excellent life if one bears in mind the proximity to death.