O Eugenismo e o Padre José Maurício Nunes Garcia: revisionismo histórico do Beethoven negro

Revista Orfeu

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ISSN: 2525-5304
Editor Chefe: Guilherme Antonio Sauerbronn de Barros, Teresa Mateiro
Início Publicação: 01/06/2016
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Artes

O Eugenismo e o Padre José Maurício Nunes Garcia: revisionismo histórico do Beethoven negro

Ano: 2022 | Volume: 7 | Número: 2
Autores: Pedro Razzante Vaccari
Autor Correspondente: Pedro Razzante Vaccari | [email protected]

Palavras-chave: eugenismo, padre josé maurício nunes garcia, mozart fluminense, antropologia, beethoven negro

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Recentemente têm sido aplicadas ao processo histórico revisões em que personalidades notoriamente conhecidas como brancas ou sob a alcunha de “mulatas”, como Machado de Assis, Mário de Andrade e Antônio Carlos Gomes, têm sido efetivamente reconhecidas como de origem afro-brasileira. Termos pejorativos como “mulato” e “pardo” estiveram associados a conotações oriundas da escravidão, quando o Estado brasileiro necessitava eleger símbolos nacionais embranquecidos para exaltar e se tornar um polo industrializado nos trópicos sem o estigma que relacionava negritude com a pecha discriminatória de correntes como o darwinismo social. Um desses símbolos nacionais, além dos supracitados, foi o padre José Maurício Nunes Garcia – cuja germanização passou à história como o “Mozart fluminense”. Ao desmistificar o seu embranquecimento, o objeto deste estudo foi trazer à tona elementos que comprovem que ele fora realmente negro, utilizando para isso a metodologia antropológica, da mesma forma em que discussões recentes mostram que o compositor alemão Beethoven teria ascendência africana.



Resumo Inglês:

Nowadays the historical process has suffered revisionisms in which remarkably personalities known as white persons or mulatto nicknamed, such as Machado de Assis, Mário de Andrade and Antônio Carlos Gomes, have been recognized from afrobrazilian origins. The pejorative terms were born with connotations derived from slavery, when the Brazilian State needed to elect whitened national symbols to exalt and become an industrialized pole in the tropics without the stigma that associated blackness to the discriminatory currents such as social Darwinism. One of these national symbols, in addition to the aforementioned ones, was Father José Maurício Nunes Garcia – whose Germanization went to history as the "Mozart fluminense" – born in Rio de Janeiro. By demystifying his whitening, the object of this study was to bring up elements that prove that he was really black, using anthropological methodology, in the same way that recent discussions show that the German composer Beethoven would have African ancestry.