Neste artigo aborda-se o dicionário como um observatório da subjetividade. É analisado o Dicionário de Vocábulos Brasileiros, de Beaurepaire Rohan, publicado em 1889, prestes à implantação da República no Brasil. São discutidas questões teóricas e metodológicas sobre discurso lexicográfico, montagem de corpus e funcionamento linguístico-discursivo de definições lexicográficas. Montaram-se quatro séries de nomes de sujeitos: a) provincianos, exploradores, líderes; b) ocupações, profissões, proprietariado; c) raças e mestiçagem; d) sujeitos que falham. Consideraram-se relações com espacialidades territoriais (província, campo, espaço urbano e outros). Mostra-se que os sentidos atribuídos aos sujeitos funcionam na contradição entre discursos de organização do território e outros que destes são distanciados.
This article approaches the dictionary as an observatory of subjectivity. O Dicionário de Vocábulos Brasileiros, by Beaurepaire Rohan, published in 1889, near the establishment of the Republic in Brazil, is analyzed. Theoretical and methodological issues about lexicographical discourse, corpus assembly and linguistic-discursive functioning of lexicographical definitions are discussed. Four series of subject names were assembled: a) provincials, explorers, leaders; b) occupations, professions, owners; c) races and miscegenation; d) subjects who fail. Relationships with territorial spatialities (province, countryside, urban space and others) were considered. It is shown that the meanings attributed to the subjects are affected by a contradiction between organization discourses and others that are distanced from them.