O “dia dos pais” inclui pais trans

Revista Apotheke

Endereço:
Avenida Madre Benvenuta 2007 - Santa Mônica
Florianópolis / SC
88035-901
Site: https://www.revistas.udesc.br/index.php/apotheke/issue/view/815
Telefone: (48) 3321-8000
ISSN: 2447-1267
Editor Chefe: Jociele Lampert
Início Publicação: 31/12/2015
Periodicidade: Semestral

O “dia dos pais” inclui pais trans

Ano: 2020 | Volume: 6 | Número: 3
Autores: J. P. Baliscei,
Autor Correspondente: J. P. Baliscei, | [email protected]

Palavras-chave: educação, gênero, imagem, transexualidade, processo criativo

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Em 2020, próximo à data em que culturalmente se celebra o “dia dos pais” no Brasil, uma empresa nacional, popular na venda de cosméticos, convidou 14 homens para integrar uma campanha que valorizava pais presentes - dentre eles, Thammy Miranda (1982--), um homem transexual. A iniciativa gerou polêmica e divisão de opiniões, expondo, desse modo, ideias controversas não apenas sobre o “dia dos pais”, mas também sobre masculinidades não hegemônicas. A masculinidade hegemônica (CONNELL, 1990; 2016) se configura em uma concepção que descreve o “homem de verdade” como aquele que é imprescindivelmente atravessado pela cisgenereidade, pela heterossexualidade, pela branquitude, pela classe média-alta, pelos consumismos, pelo cristianismo e por demais marcadores identitários valorizados socialmente.  Neste artigo, desempenhamos o objetivo de evidenciar as potencialidades das práticas artístico-acadêmicas LGBTTQIA+, na ampliação dos significados conferidos às masculinidades. Para tanto, primeiro debruçamo-nos especificamente sobre algumas das reações relacionadas à campanha em questão, e as aproximamos de conceitos específicos dos Estudos das Masculinidades e de Gênero a partir de uma abordagem construtivista. Após, a partir da metodologia da Pesquisa em Arte (REY, 1996) compartilhamos o processo criativo dos autores, professores-pesquisadores-artistas gays, em duas produções artísticas intituladas 2018 d.C (2020) e Super pai (2020). O tratamento e a intenção artística dados a essas produções, consideramos, problematizam e denunciam aspectos violentos da paternidade desempenhada por masculinidades hegemônicas, e reclamam pela ampliação de pontos de vistas e referências a partir dos quais representam-se visualmente as masculinidades nos espaços escolares.



Resumo Inglês:

In 2020, close to the date on which “father’s day” is celebrated culturally in Brazil, a national company, popular in the sale of cosmetics, invited 14 men to join a campaign that valued the fathers present, including, Thammy Miranda (1982--), a transsexual man. The initiative generated controversy and division of opinions, exposing controversial ideas not only about “father’s day”, but also about non-hegemonic masculinities. Hegemonic Masculinity (CONNELL, 1990; 2016) is configured in a conception that describes the “real man” as the one who is indispensable crossed by cisgeneity, heterosexuality, whiteness, the upper-middle class, consumerism, Christianity and for other socially valued identity markers. In this article, we intend to highlight the potential of LGBTTQIA + artistic-academic practices in expanding the meanings given to masculinities. To do this, we first look specifically at some of the reactions related to the campaign in question, and approach them to specific concepts of Masculinity and Gender Studies from a constructivist approach. Subsequently, based on the Research in Art methodology (REY, 1996), we shared the creative process of the authors, gay professors-researchers-artists, in two artistic productions titled 2018 d.C (2020) and Super pai (2020). We consider the artistic treatment and intention given to these productions, they problematize and denounce violent aspects of fatherhood carried out by hegemonic masculinities, and they complain about the expansion of points of view and references from which masculinities are visually represented in school spaces.



Resumo Espanhol:

En 2020, cerca de la fecha en que se celebra culturalmente el “día de los padres” en Brasil, una empresa nacional, popular en la venta de cosméticos, invitó a 14 hombres a sumarse a una campaña que valoró a los padres presentes, entre ellos, Thammy Miranda (1982--), un hombre transexual. La iniciativa generó controversia y división de opiniones, dejando al descubierto ideas controvertidas no solo sobre el “día de los padres”, sino también sobre las masculinidades no hegemónicas. La Masculinidad Hegemónica (CONNELL, 1990; 2016) se configura en una concepción que describe al “hombre real” como aquel que es indispensable atravesado por la cisgenereidad, la heterosexualidad, la blancura, la clase media-alta, el consumismo, el cristianismo y para otros marcadores de identidad socialmente valorados. En este artículo, pretendemos resaltar el potencial de las prácticas artístico-académicas LGBTTQIA +, en la ampliación de los significados dados a las masculinidades. Para ello, primero miramos específicamente algunas de las reacciones relacionadas con la campaña en cuestión, y las acercamos a conceptos específicos de Masculinidad y Estudios de Género desde un enfoque constructivista. Posteriormente, con base en la metodología de Investigación en Arte (REY,1996) compartimos el proceso creativo de los autores, profesores-investigadores-artistas gay, en dos producciones artísticas tituladas 2018 d.C (2020) y Super pai (2020). El tratamiento e intención artísticos que se le dio a estas producciones, lo consideramos, problematizan y denuncian aspectos violentos de la paternidad que realizan las masculinidades hegemónicas, y se quejan por la expansión de puntos de vista y referencias desde los que se representan visualmente las masculinidades en los espacios escolares.