Nova direita ou vinho velho em odres novos? A trajetória conservadora no Brasil do último século

Revista Debates

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ISSN: 19825269
Editor Chefe: Marcello Baquero
Início Publicação: 30/11/2007
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciência política

Nova direita ou vinho velho em odres novos? A trajetória conservadora no Brasil do último século

Ano: 2021 | Volume: 15 | Número: 2
Autores: R. S. González, M. Baquero, L. G. M. Grohmann
Autor Correspondente: R. S. González | [email protected]

Palavras-chave: cultura política, conservadorismo, autoritarismo, Brasil, Bolsonaro

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A vitória eleitoral de Jair Bolsonaro surpreendeu o mundo em 2018 não apenas por ser um candidato desconhecido de um partido pequeno, mas pelo que disse sobre mulheres, afrodescendentes, homossexuais e por seu antiquado anticomunismo da Guerra Fria. A eleição foi o resultado de uma aliança entre militares pragmáticos, neoliberais e conservadores religiosos. No entanto, não foi uma surpresa no mundo acadêmico. Este artigo tem como objetivo mostrar como, desde a terceira década do século XX, autoritários e conservadores tem participado da cena política brasileira, presentes tanto no Congresso Nacional quanto nas elites. A hipótese é que um novo governo de extrema direita não constitui uma ruptura política, mas resulta de uma longa trajetória. O contexto cultural na eleição de Bolsonaro é discutido usando dados do World Values Survey e análises do pensamento político do último século. Conclui-se que, com a tradição conservadora do Brasil baseada na religião e em valores políticos autoritários, o Bolsonaro pode ser avaliado como mais do mesmo e não como uma ruptura.



Resumo Inglês:

The electoral victory of Jair Bolsonaro surprised the world in 2018 not just because he was an unknown candidate from a small party but because of what he said about women, African descendants, homosexuals, and his outdated anticommunism from the Cold War. It was the result of an alliance between pragmatic military, neoliberals and religious conservatives. But this is not a surprise in the academic world. This article aims to show how, since the third decade in the 20th century, authoritarians and conservatives are part of the political scene in Brazil, present both in the National Congress and in the elites. The hypothesis is that a new far right government is not a political break but results from a long trajectory. The cultural background in the election of Bolsonaro is discussed using data from World Values Survey and analyses of political thought in the last century. It is concluded that, with Brazil’s conservative tradition based in religion and authoritarian political values, Bolsonaro can be evaluated as more of the same and not as a rupture.



Resumo Espanhol:

La victoria de Jair Bolsonaro ha sorprendido al mundo en 2018, no sólo por tratarse de un candidato casi desconocido de un pequeño partido, sino por sus manifestaciones en contra de mujeres, homosexuales, afro descendientes y un discurso anticomunista salido de la guerra fría. La alianza que mantiene su gobierno comprende militares nacionalistas pragmáticos, neoliberales, defensores de privatizaciones y de la disminución del Estado así como también conservadores en lo religioso y en las costumbres. Pero, ¿todo esto debería sorprender también a los analistas académicos de la política brasileña? Probablemente no. El objetivo de este artículo es demostrar que desde los años treinta del pasado siglo grupos de conservadores y autoritarios estuvieron presentes en la política brasileña, representados en partidos o en el Congreso Nacional, componiendo gobiernos y élites económicas y sociales. La hipótesis de trabajo es que la llegada de la extrema derecha al gobierno no es una excepcionalidad; no se trata de una nueva derecha sino del avance de una trayectoria que viene de lejos. El trabajo presentará las corrientes del pensamiento conservador en el último siglo, la cultura política dominante, con datos del World Values Survey, y su influencia en la elección de Bolsonaro. La conclusión es que la tradición conservadora, anclada en la religiosidad y los valores políticos autoritarios, hace de Bolsonaro una continuidad y no una ruptura.