A Necropolítica e o Neoliberalismo no Contexto da COVID-19

Coletânea

Endereço:
Rua Dom Gerardo - nº 68 - 6º andar - Centro
Rio de Janeiro / RJ
20090-030
Site: http://www.revistacoletanea.com.br
Telefone: (21) 2206-8100
ISSN: 1677-7883 impresso / 2763-6992 online
Editor Chefe: D. Anselmo Chagas de Paiva - OSB
Início Publicação: 14/05/2002
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Filosofia, Área de Estudo: Teologia, Área de Estudo: Direito, Área de Estudo: Linguística, Área de Estudo: Multidisciplinar

A Necropolítica e o Neoliberalismo no Contexto da COVID-19

Ano: 2020 | Volume: 19 | Número: 38
Autores: ROGÉRIO LUÍS DA ROCHA SEIXAS
Autor Correspondente: ROGÉRIO LUÍS DA ROCHA SEIXAS | [email protected]

Palavras-chave: COVID-19. Lógica Neoliberal. Necropoder. Necropolítica.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Dentro de nossa proposta de discussão, desenvolveremos considerações que julgamos importantes com referência à noção de Necropolítica, enquanto política de morte e ao sentido de exercício do necropoder, propostas pelo pensador camaronês Achille Mbembe e como essas se desenrolam no contexto atual da pandemia da COVID-19. Exporemos de modo crítico que pandemias deste tipo são, sobretudo, fomentadas por políticas que trazem consigo pulsões de morte, ou seja, o exercício pleno da necropolítica.  Problematizaremos assim, à luz dos aportes teóricos da reflexão de Mbembe, algumas questões políticas e éticas presentes no contexto da eclosão da pandemia do Coronavírus, objetivando também analisar aspectos de nossa atualidade política, marcada por uma lógica neoliberal hegemônica e intensamente destrutiva, presente na forma da  gestão das condições de saúde e da vida da população, por parte dos Estados contemporâneos, que em seu exercício de soberania de fazer matar, o exercem sob uma perspectiva que decide, justamente, em que momento a vida de uma determinada população ou subgrupo deixa de ser economicamente relevante e, consequentemente, pode ser eliminada. Expressa-se o trabalho de morte da política sobre os indivíduos considerados supérfluos, segundo a lógica neoliberal atual e que, na condição de não mais requisitados a despenderem sua força de trabalho no interior de um processo produtivo amplo, são consideradas vidas sacrificáveis e elimináveis.



Resumo Inglês:

Within our discussion proposal, we will develop considerations that we consider important with reference to the notion of Necropolitics, as a policy of death and the sense of exercise of the necropower, proposed by the Cameroonian thinker Achille Mbembe and how these unfold in the current context of the Covidean pandemic-19. We will critically expose that pandemics of this type are mainly fostered by policies that bring death impulses, that is, the full exercise of necropolitics. Thus, in the light of Mbembe's theoretical contributions, we will problematize some political and ethical issues present in the context of the outbreak of the Coronavirus pandemic, also aiming to analyze aspects of our political current, marked by a hegemonic and intensely destructive neoliberal logic, present in the form the management of the health and life conditions of the population by contemporary States, which in their exercise of sovereignty to kill, exercise it under a perspective that decides exactly when the life of a given population or subgroup ceases to be economically relevant and, consequently, can be eliminated. The death work of politics is expressed on individuals considered superfluous according to the current neoliberal logic and who, as they are no longer required to spend their workforce within a broad productive process, are considered sacrificable and eliminable lives.