Nacionalismo musical: o samba como arma de combate ao fado no Brasil dos anos 1930

Artcultura

Endereço:
AV: JOãO NAVES DE ÁVILA, 2121
Uberlândia / MG
0
Site: https://seer.ufu.br/index.php/artcultura
Telefone: (34) 3239-4130
ISSN: 2178-3845
Editor Chefe: Adalberto Paranhos e Kátia Rodrigues Paranhos
Início Publicação: 28/02/1999
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: História

Nacionalismo musical: o samba como arma de combate ao fado no Brasil dos anos 1930

Ano: 2012 | Volume: 14 | Número: 24
Autores: Adalberto Paranhos
Autor Correspondente: Adalberto Paranhos | [email protected]

Palavras-chave: samba; fado; símbolo nacional.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A exemplo do que acontecia em outros cantos do mundo, respirava-se, no Brasil da década de 1930, um clima saturado de nacionalismos de todas as espécies. O campo musical não se manteve alheio à emergência, à direita e à esquerda do espectro político da época, de tendências que concebiam o estrangeiro como a encarnação do mal. Nesse momento de afirmação do samba como ícone musical da nacionalidade, a música popular que aqui se gravava incorporava especialmente o fado, o tango e o fox-trot, que eram, sem dúvida, os gêneros “estrangeiros” mais em voga. Até meados dos anos 1930 o fado encontrou no país considerável ressonância, a ponto de levar compositores como Orestes Barbosa a investir contra ele, “coisa de português”, tomada como sinônimo de atraso de vida. O samba, na contramão desses ritmos tidos como alienígenas, seria, acima de tudo, o escudo musical protetor da nação contra a “conspurca- ção” de seus costumes.



Resumo Inglês:

Mirroring what was happening in other parts of the world, the 1930s in Brazil was filled with nationalist feelings of all sorts. The musical scene was by no means alienated from a very generalized mood (shared by both Left and Right) that viewed foreign products as the incarnation of evil. While samba emerged as a national icon, popular music did incorporate some foreign rhythms, such as fado, tango and fox-trot. As a matter of fact, until the mid-1930s, fado met considerable resonance among Brazilian audiences, leading composers such as Orestes Barbosa to condemn it as “a Portuguese thing” that symbolized backwardness. Samba, contrary to rhythms conceived as aliens to Brazil, became a sort of musical shield against the “corruption” of national habits.