Moralidade e política numa sociedade de massa
Revista Ideação
Moralidade e política numa sociedade de massa
Autor Correspondente: M. G. Rodrigues (editor-chefe) | [email protected]
Palavras-chave: Marx; Moralidade; PolÃtica.
Resumos Cadastrados
Resumo Português:
A longa e intensa crise em que a economia mundial mergulhou depois de 2008 obrigou os governos e os bancos centrais a aplicarem mecanismos keynesianos. Em consequência, foram recolocadas as tradicionais questões sobre os relacionamentos entre o sistema econômico, a polÃtica e o Estado. Revisitar Marx se tornou inevitável. A nova edição d’O Capital, preparada pela MEGA, coloca questões surpreendentes, mas que já se anunciavam para os estudiosos desse livro, principalmente para aqueles mais atentos à s páginas soltas do III livro. O editor Engels terminou arredondando um conjunto textos que caminham em várias direções e que dificilmente mostram o movimento do capital caminhando para uma supercontradição que terminaria pondo em xeque a própria existência do sistema. Basta ler o capÃtulo sobre a tendência à queda do lucro para que se perceba que ela é muito mais um jogo de fatores que se contestam do que uma tendência nevrálgica do sistema. Os editores da nova edição da MEGA mostram que Marx abrira de tal forma o leque de suas investigações que o livro dificilmente encontraria seu fecho. E como Marx era um gênio aberto à s novidades do capitalismo, ele mesmo escrevera uma carta em que afirmava lhe ser impossÃvel terminar o livro, antes que a crise mundial daquela época delineasse os caminhos de sua superação. Tudo isso nos leva a recolocar uma série problemas. Quais são as relações entre o pensamento maduro de Marx e o marxismo? Sabemos que este se tornou uma ideologia a serviço de uma polÃtica imperialista da União Soviética e de seus aliados. Até a II Guerra mundial a crÃtica ao capital se dividia em dois campos. O campo marxista desenvolvendo uma teoria da história e uma teoria da luta de classes muito fechada que impediam a compreensão da polÃtica pós-guerra. O campo nazista transfigurou a crÃtica do capital numa crÃtica da ciência tecnocrata. O marxismo se torna uma teoria do conhecimento e a ideologia nazista uma fenomenologia da crise da razão. Vemos hoje como estes campos estão misturados. Voltar aos textos de Marx me parece um bom começo para superar tanta confusão. E repensar o modo de produção capitalista considerando o valor como uma substância — como nos ensina a crÃtica de Marx a Ricardo — nos obriga a colocar a tradicional questão do juÃzo de valor fora do dilema de uma volta a Hegel ou a Kant, em que se chafurdam os crÃticos atuais.