Mercês e cartografia no governo do Império Marítimo Português: o caso de João Teixeira

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Início Publicação: 31/05/2005
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: História

Mercês e cartografia no governo do Império Marítimo Português: o caso de João Teixeira

Ano: 2011 | Volume: 7 | Número: 14
Autores: Marcello José Gomes Loureiro
Autor Correspondente: Marcello José Gomes Loureiro | [email protected]

Palavras-chave: Neotomismo, Império Português, João Teixeira Albernaz

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Em um contexto de Antigo Regime, os Teixeiras
produziram diversas cartas representando os domínios
portugueses na América. Tais cartas eram
narrativas das possessões lusas e permitiam
que a coroa obtivesse conhecimento e pudesse
formular uma gestão de seus mais distantes territórios.
É preciso refletir até que ponto tais narrativas
não eram formuladas para atender aos interesses
da monarquia católica portuguesa, ou de
alguns de seus grupos, mitigando assim informações
impertinentes. Por exemplo, as informações
apresentadas por João Teixeira afastavam muito
daquelas registradas na documentação oficial.
Analogamente, em suas representações de 1630,
1637, 1640 e 1642, João Teixeira inseria o Rio da
Prata, região que ao menos desde a década de
1580 estabelecia comércio com o Império português,
nas demarcações lusas, explicitando, dessa
forma, a pretensão do direito português sobre
áreas pertencentes ao Império de Castela. Nesse
sentido, João Teixeira, como cartógrafo interessado
em prestar serviços para a coroa, procurava
elaborar representações que fossem da utilidade
e benefício do serviço real. Não se pode esquecer
que a monarquia costumava recompensar aqueles
que lhe prestavam serviços. Sob uma cultura
política de Antigo Regime, em que serviços prestados
por vassalos eram trocados por mercês
régias, as representações cartográficas muito
provavelmente tiveram de se alinhavar aos interesses
da coroa. Não foi à toa, então, que a cartografia de João Teixeira superestimou a defesa
da cidade do Rio de Janeiro, bem como recorreu
a diversos dispositivos gráficos para posicionar a
região do Rio da Prata nas demarcações lusas de
Tordesilhas. Assim, este trabalho pretende, a partir
das informações apresentadas nas cartas de
João Teixeira Albernaz, discutir alguns dos modos
de legitimação e gestão da coroa portuguesa,
demonstrando como seu “governo” dependia de
uma série de informações advindas dos espaços
locais da monarquia, geradas por homens que
frequentemente esperavam ser reconhecidos pelos
serviços que prestavam.



Resumo Inglês:

In the context of the Ancien Régime, the Teixeiras
produced several maps representing the
Portuguese dominions in the America. These
maps were narratives of possessions and allowed
the Crown could obtain knowledge and
develop a management of its more distant territories.
We need to reflect the extent to which
these narratives were not designed to serve the
interests of the Portuguese Catholic monarchy,
or some of their groups, thus mitigating information
impertinent. For example, the information
presented by João Teixeira far removed
from those recorded in the official documentation.
Similarly, in João Teixeira’s representations
of 1630, 1637, 1640 and 1642, he enter the
River Plate, a region at least since the 1580s
established trade with the Portuguese Empire,
in the demarcation of Portugal, explaining thus
the claim Portuguese law on the areas belonging
to the empire of Castile. In this sense, João
Teixeira, as a cartographer interested in providing
services to the Crown, sought to build representations
that were of benefit and utility of
the actual service. Do not forget that the monarchy
used to reward those who provide services.
In a political culture of the Ancien Régime, in
which services of vassals were exchanged for
royal favors, cartographic representations most
likely had to tack to the interests of the Crown.
No wonder, then, that the mapping of JoãoTeixeira
overestimated the defense of the city of Rio de Janeiro, as well as several graphics devices
used to position the region of the River Plate
in the Portuguese demarcation of Tordesillas.
Then, this paper aims, from the information presented
in the maps of João Teixeira Albernaz,
discuss some of the modes of legitimation and
management of the Portuguese Crown, demonstrating
how his “government” depended on a
range of information from the local spaces of
the monarchy, generated often by men who
were waiting to be recognized for their services.