Este artigo propõe uma abordagem discursiva da história do urbanismo, a partir do exame de textos produzidos em três momentos distintos. O primeiro deles refere-se à gênese do pensamento urbanÃstico no século XVI, época do surgimento dos textos instauradores da disciplina: os arquitextos. O segundo é o momento do pré-urbanismo, que se confunde com o pensamento socialista do século XIX. O terceiro enfoca as teorias do urbanismo do século XX. Nos arquivos examinados – trechos de enunciados produzidos nesses perÃodos – são discutidas as marcas da memória à luz da noção de interdiscurso. Identificam-se os traços dos arquitextos conservados nas propostas pré-urbanistas e nas teorias do urbanismo, tanto no que se refere à forma da enunciação, quanto ao conteúdo (proposição de espaços modelares), muito embora as teorias se pretendam cientÃficas. Essas teorias do urbanismo mostram ainda sua filiação ao momento anterior, na medida em que mantêm as duas tendências ideológicas opostas: o progressismo e o culturalismo, configuradas no século anterior. Argumenta-se que a noção de ‘simetria’ é paradigmática na relação entre elas. Discute-se, finalmente, como se coloca a questão da subjetividade pelos textos instauradores e pelas teorias.