Manejo fisioterapêutico e psicológico de paciente hospitalizado com fibrose cística exacerbada

Revista Brasília Médica

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ISSN: 2236-5117
Editor Chefe: Eduardo Freire Vasconcellos
Início Publicação: 01/09/1967
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Ciências da Saúde, Área de Estudo: Enfermagem, Área de Estudo: Medicina, Área de Estudo: Saúde coletiva

Manejo fisioterapêutico e psicológico de paciente hospitalizado com fibrose cística exacerbada

Ano: 2023 | Volume: 60 | Número: Especial
Autores: Giovanna Antunes Botazzo Delbem1, Fernanda Meneghesso Perez2, Isadora Ibrain da Freiria Furquim3, Leandro Donato Ribeiro4, Andrea Antunes Cetlin5
Autor Correspondente: Giovanna Antunes Botazzo Delbem | [email protected]

Palavras-chave: fisioterapia, psicologia, intervenção, exacerbação, adesão

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

INTRODUÇÃO: O acometimento do aparelho respiratório é o mais comum na Fibrose Cística (FC), sendo de intensidade progressiva com consequente queda da função pulmonar, ao longo dos anos. A doença cursa com clearance mucociliar diminuído, predispondo ao surgimento de microrganismos com necessidade de internações hospitalares prolongadas, causando interferências diretas em questões psicossociais, sendo necessário acompanhamento multidisciplinar para o bem estar do paciente. A fisioterapia possui papel fundamental na qualidade de vida desses pacientes, possuindo técnicas para remoção de secreção que auxilia na melhora da função pulmonar. Além disso, o trabalho conjunto da psicologia promovendo a saúde mental torna-se de extrema importância principalmente para o controle de sintomas ansiosos e deprimidos, auxiliando na melhor oxigenação e motivação para a realização dos exercícios.

DESCRIÇÃO: Foi realizada análise das anotações médicas, psicológicas e fisioterapêuticas do prontuário eletrônico de paciente de 23 anos, sexo masculino, diagnosticado aos 6 meses de idade, com mutação em homozigose para delta F508, com acometimento pulmonar e pancreático. Realizava acompanhamento ambulatorial médico e psicológico em um hospital universitário de uma cidade no interior de São Paulo, com espirometria caracterizando distúrbio obstrutivo muito grave (VEF1:0,9l-20%; CVF: 2,09l-40% e VEF1/ CVF: 0,43). Utilizava oxigênio domiciliar e realizava fisioterapia respiratória e motora diariamente. Paciente deu entrada no serviço apresentando picos febris diários, queixas de cefaleia, com piora da tosse não secretiva, dessaturações com necessidade de aumento do aporte de oxigênio, queda do estado geral e escarros hemoptoicos, realizando uso de oxigenoterapia a 4L/ min, apresentando SPO2: 86%, FR:34 ipm FC: 126 bpm. Foi optado pela ventilação mecânica não invasiva intermitente (VNI), na frequência de 3 vezes ao dia, em alternância com o cateter nasal de alto fluxo, assim como ofertado espaço psicológico de acolhimento, validação e expressão de sentimentos de ansiedade em relação ao quadro, esclarecimento de dúvidas e planejamento de plano de ação para melhora da motivação, bem como acompanhamento das angústias do paciente frente a VNI. Houve melhora nas primeiras 24 horas de suporte ventilatório e redução dos sinais de desconforto, após as condutas fisioterapêuticas e psicológicas propostas, com uso de cateter nasal com fluxo de 5l/min e saturação periférica de oxigênio de 95%; FR: 24 ipm e FC: 89 bpm.

DISCUSSÃO E COMENTÁRIOS FINAIS: Conclui-se que as exacerbações respiratórias em indivíduos portadores de FC são complicações que podem contribuir para o mau prognóstico da doença, sendo a fisioterapia e a psicologia intervenções de extrema importância para melhor adaptação ao tratamento na emergência, bem como de sua qualidade de vida. O papel do cateter de alto fluxo precisa ser melhor estudado para esta população, entretanto no caso descrito e em associação a VNI, evitou a necessidade de intubação orotraqueal.