MÍDIA TELEVISIVA SEM SOM

Revista Espaço

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ISSN: 25256203
Editor Chefe: Wilma Favorito
Início Publicação: 31/12/1989
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Educação, Área de Estudo: Letras, Área de Estudo: Linguística, Área de Estudo: Multidisciplinar

MÍDIA TELEVISIVA SEM SOM

Ano: 2007 | Volume: Especial | Número: 28
Autores: André Ribeiro Reichert
Autor Correspondente: André Ribeiro Reichert | [email protected]

Palavras-chave: mídia televisiva; estudos culturais; estudos surdos

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Esta dissertação aborda recepção da mídia por parte de sujeitos surdos e a produção da análise de narrativas surdas, como a mídia sem som faz circular enunciados sobre os surdos e como estes recebem o que está sendo veiculado pela mídia sem som. Foram analisadas narrativas de pessoas surdas sobre alguns programas televisivos que contam com a presença de intérpretes de Língua de Sinais, programas que possuem legendas em Português, e programas que não possuem qualquer tipo de tradução para surdos. Foi possível conhecer o que essas pessoas entendem e captam do que estava sendo veiculado pelos programas que utilizam diferentes recursos ao transmitirem suas mensagens a estes telespectadores. A pesquisa traça caminhos que apontam para a questão das identidades surdas e a volatilidade de entendimentos em relação à mídia por parte dos surdos, suas interpretações, desejos e anseios em relação à televisão. A televisão é vista na pesquisa como um artefato cultural que comunica e constitui a todos os que direta ou indiretamente estão diante dela. Orientando-se pelos Estudos Culturais e pelos Estudos Surdos, a pesquisa buscou forte inspiração nos Estudos de Recepção para olhar e problematizar as narrativas surdas sobre o que assistem e entendem dos programas televisivos. Atentou-se que nas narrativas surdas a mídia com legenda é preferida em relação a outras modalidades de apresentação, pois esta permite aos surdos que dominam a leitura tenham uma compreensão rica e detalhada da informação transmitida. Os intérpretes, quando aparecem na televisão, ficam no canto da tela num enquadramento muito pequeno, o que dificulta que os surdos visualizem bem os sinais. Na visão deles, a presença do intérprete possibilita viver emoções não experienciadas nos programas que possuem legenda em Português. No entanto, esta modalidade de comunicação/tradução, por não ter qualidade de imagem na maioria dos programas, impossibilita aos surdos o acesso às informações e a permanência prazerosa em frente à televisão. Estes alegam desconforto gerado pelo esforço visual feito para entender o que está sendo traduzido. Admitindo que as imagens possibilitadas pela televisão interpelam aos surdos de modo particular e significativo - pois o visual é um traço cultural surdo - os sujeitos que participaram da pesquisa alegam que em relação à mídia sem tradução, legendas ou intérpretes, perde-se grande parte do que está sendo transmitido, e estes não têm condições de afirmar com consistência o que conseguiram ler através daquelas imagens. Consequentemente, os surdos preferem não se pronunciar sobre o que viram, embora admitam que, aquilo que conseguiram captar das imagens aparece no seu cotidiano através das roupas, modismos e dos desejos de consumo. Através da cultura visual, os surdos tendem a narrar-se como sujeitos que compartilham de uma cultura midiática mais ampla, traduzindo e ressignificando elementos da mídia, incorporando e movimentando sua cultura e sua língua. Considerando que não há discussões e pesquisas acadêmicas enfocando o sujeito surdo como receptor de imagens de mídia televisiva, nem mesmo como sujeito aprendiz a partir do que assiste, este trabalho apresenta uma abordagem nova na pesquisa em Educação.