MÉDICOS E PARTEIRAS: DISPUTAS E ALIANÇAS NA MEDICALIZAÇÃO DOS PARTOS EM TERESINA (1930-1950)

Humana Res

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ISSN: 2675-3901
Editor Chefe: Antonia Valtéria Melo Alvarenga
Início Publicação: 16/07/2019
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Ciência política, Área de Estudo: Educação, Área de Estudo: Geografia, Área de Estudo: História, Área de Estudo: Sociologia, Área de Estudo: Letras, Área de Estudo: Linguística

MÉDICOS E PARTEIRAS: DISPUTAS E ALIANÇAS NA MEDICALIZAÇÃO DOS PARTOS EM TERESINA (1930-1950)

Ano: 2019 | Volume: 1 | Número: 1
Autores: Lívia Suelen Sousa Moraes Meneses
Autor Correspondente: Lívia Suelen Sousa Moraes Meneses | [email protected]

Palavras-chave: Médicos. Parteiras. Parto

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Este trabalho aborda as relações entre mulheres e médicos, bem como o impacto das políticas e das instituições de saúde materno-infantil nas práticas femininas relativas ao parto, em Teresina, entre e 1930 e 1950. Durante muito tempo, as práticas relacionadas ao parto e à maternagem pertenceram a uma cultura predominantemente feminina, fora do domínio médico/masculino. No Piauí, especialmente em Teresina, interferência médica mais efetiva na gestão da maternidade emerge nas décadas de 1930 e 1940 articulada à emergência de políticas e instituições voltadas à saúde materno-infantil. Contudo, sua interferência foi limitada. A resistência ao saber médico e aos serviços de saúde materno-infantil se manifestam na permanência de práticas tradicionais de cura, de parto e de cuidados infantis. A aproximação entre mulheres e médicos foi mediada inicialmente nos casos de partos complicados. A atuação dos médicos nos partos, em âmbito doméstico, favoreceu a construção e a popularização do nome do médico, bem como auxiliou na formação de uma clientela para o profissional. A elevada taxa de mortalidade infantil funcionou como a justificativa principal na tentativa de consolidação dos conhecimentos médicos modernos, adquiridos nas Faculdades de Medicina. Entre as causas dessa mortalidade eram apontadas tanto a má assistência das parteiras, a falta de conhecimentos necessários sobre os partos e a ignorância das próprias mães. Ainda que a maioria das mulheres continuasse a ser assistida por parteiras leigas, o processo de institucionalização da saúde-pública favoreceu acompanhamento médico durante a gestação e o aparecimento da medicalização dos partos, possibilitando a interferência médica no campo da reprodução. Percebemos ao longo do trabalho que a pesar do progresso no âmbito profissional e institucional, no período estudado, a medicalização do parto e a transferência para o ambiente hospitalar não ocorreram de forma rápida. As conquistas parciais alcançadas pela prática médica institucional foram embasadas no trabalho das mulheres e na incorporação de saberes tradicionais, como demonstra a incorporação das parteiras leigas em espaços institucionais. Além de alvo de políticas de saúde materno infantil, as mulheres ingressam enquanto agentes no campo da saúde pública. Desenvolvem-se alianças e conflitos entre mulheres e médicos no campo da saúde materno-infantil. Utilizam-se enquanto fonte documental produções médicas, dentre elas a Revista da Associação Piauiense de Medicina, documentos oficiais, romances, contos, almanaques e jornais que circulavam em Teresina, biografias, memórias e depoimentos de mulheres nascidas nas décadas de 1920 e 1930.