Lá onde, cara pálida? Pensando as glórias e os limites do campo etnográfico

Revista Mundaú

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ISSN: 2526-3188
Editor Chefe: Silvia Aguiar Carneiro Martins
Início Publicação: 01/12/2016
Periodicidade: Bianual
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Antropologia, Área de Estudo: Sociologia

Lá onde, cara pálida? Pensando as glórias e os limites do campo etnográfico

Ano: 2017 | Volume: 0 | Número: 2
Autores: Claudia Fonseca
Autor Correspondente: Claudia Fonseca | [email protected]

Palavras-chave: Etnografia responsiva; Método etnográfico; Ética de pesquisa; Rede sócio-técnica; Hanseníase

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Na época dos pais fundadores da antropologia, a distância que separava o pesquisador do seu “campo” parecia óbvia; hoje, a situação é radicalmente diferente. Navegando entre elementos metodológicos e éticos dessa distância, proponho nesse artigo tecer uma reflexão sobre meu posicionamento em relação a certo “campo” – um território originalmente criado para ser hospital-colônia de portadores de hanseníase (lepra) no nordeste brasileiro. Atenta às preocupações de meus interlocutores atuais e a suas narrativas sobre uma história secular, tento localizar as diferentes mediações que constituem (ou não) um sentido de comunidade. Minha ênfase nas mediações materiais (tecnologias médicas, lesão corporal, leis de indenização) constrói a “experiência de doença” não de um sujeito unitário, mas de atores envolvidos numa rede sócio-técnica que desenha os limites cambiantes de determinado coletivo. É a partir desse jogo de marcadores de “dentro” e “fora”, realçados em momentos históricos distintos, através de medidores particulares, que procuro construir meu próprio posicionamento como mais um elemento na ebulição de memórias, identidades e compromissos.



Resumo Inglês:

At the time of anthropology’s founding fathers, the distance separating the researcher from his field appeared to be obvious; today, the situation is radically different. Navigating between methodological and ethical elements of this distance, I propose in the article to weave a reflection about how I am situated in relation to my latest “field” -- a territory originally created as hospital-colony for patients of Hansen’s disease (leprosy) in Northeast Brazil. In dialogue with my interlocutors’ concerns and their narratives revolving around their century-old story, I try to locate the different material mediations that constitute (or not) a sense of community. My emphasis on material mediations (medical technologies, corporal lesion, laws of reparation) construct the experience of malady not of a unitary subject, mas of actors involved in a socio-technical network that sketches the changing limits of a certain collective. It is through this interplay of elements attempting to mark a “within” and “without” -- terms that fluctuate according to different historical moments and particular instruments of measurement --, that I seek to construct my own location, in this cauldron of memories, identities and engagements.



Resumo Espanhol:

En la época de los padres fundadores de la antropología, la distancia que separaba al investigador de su "campo" parecía obvia; Hoy, la situación es radicalmente diferente. Al discurrir sobre los elementos metodológicos y éticos de esa distancia, propongo en ese artículo tejer una reflexión sobre mi posicionamiento en relación a cierto "campo" - un territorio originalmente creado para ser hospital-colonia de portadores de hanseniasis (lepra) en el nordeste brasileño. Atenta a las preocupaciones de mis interlocutores actuales y sus narrativas sobre una historia secular, intento localizar las diferentes mediaciones que constituyen (o no) un sentido de comunidad. Mi énfasis en las mediaciones materiales (tecnologías médicas, lesión corporal, leyes de indemnización) construye la "experiencia de enfermedad" no de un sujeto unitario, sino de actores involucrados en una red socio-técnica que dibuja los límites cambiantes de determinado colectivo. Es a partir de ese juego de marcadores de "dentro" y "fuera", realzados en momentos históricos distintos, a través de medidores particulares, que busco construir mi propio posicionamiento como un elemento a más en la caldera de memorias, identidades y compromisos.



Resumo Francês:

À l’époque des pères fondateurs de l’anthropologie, la distance qui séparait le chercheur et son “terrain” semblait aller de soi; aujourd’hui la situation est radicalement différente. En parcourant des éléments méthodologiques et éthiques de cette distance, je propose dans cet article de tisser une réflexion sur ma prise de position par rapport à un “terrain”: un lieu originalement créé pour être un hôpital-colonie de personnes porteurs de la Maladie de Hansen (lèpre) dans la région nord-est du Brésil. Attentive aux questions de mes interlocuteurs et à ses récits sur une histoire séculaire, j’essaye de définir des éléments médiateurs qui constituent (ou pas) un sens de communauté. En soulignant les médiations matérielles (technologies médicales, blessures corporelles, lois d’indemnisation), je tâche de construire « l’expérience de la maladie » non d’un sujet individuel, mais d’acteurs dans un réseau sociotechnique qui désigne les limites changeants d’un certain collectif. C’est à partir de ce jeu de marqueurs de « dedans » et « dehors », mis en relief à certains moments historiques par des médiateurs particuliers que je cherche à construire ma prise de position comme un parmi d’autres éléments dans le chaudron de mémoires, identités et engagements.