A invenção do dispositivo da transexualidade: produção de “verdades” e experiências trans

Ano: 2011 | Volume: 9 | Número: 28

Autores: M. F. L. Santos

Palavras-chave: Dispositivo, transexualidade, norma psiquiátrica, subversões normativas

Resumo Português:

Partindo da ideia de dispositivo no pensamento de Michel Foucault,
este artigo apresenta uma breve genealogia da transexualidade mapeando
sua emergência e visibilidade, principalmente a partir da segunda metade do
século XX. O objetivo central consiste em cartografar as diferentes classificações,
caracterizações e intervenções que foram decisivas na construção
da transexualidade enquanto uma “disforia de gênero” e/ou um “transtorno
de identidade de gênero”, reduzindo as possibilidades de expressões das transexualidades
a uma patologia. Nesse sentido, a consolidação da norma psiquiátrica
se constituiu a partir de diferentes redes relacionais envolvendo disputas
de saberes, categorias científicas, relações de poder, diferentes práticas
de intervenção, principalmente no campo europeu e norte-americano. No
entanto, é possível perceber na contemporaneidade movimentos rumo a “despatologização”
da transexualidade, exercício este que requer a compreensão
da invenção da transexualidade, bem como as subversões normativas que
compõem o dispositivo.

Resumo Inglês:

Starting from the idea of “dispositive” developed in the thinking of
Michael Foucault this article presents a brief genealogy of transsexuality
mapping its emergence and visibility especially from the second part of twenty
century. The central goal consists in make cartography of different
classifications, characterizations and interventions that was decisive in the
construction of the idea of transsexuality as a “gender dysphoria” and/or a
“gender identity disorder”, reducing in this process the possibilities of
transsexual expressions with the construction of pathology. In this way, it is
necessary point out the consolidation of a psychiatric norm have been built
up from different relationships networks that involves disputes of knowledge,
scientific categories, power relations and interventional practices on the body
and subjectivities, mainly in Europe and North America. Nevertheless we can
notice a contemporary movement toward the “depathologization” of
transsexuality, this exercise requires an understanding of the invention of transsexuality
and the the normative subversions that make up the dispositive.