O Orientalismo foi construído por meio da experiência colonial e do estranhamento entre as cosmologias entre o Ocidente e o Oriente. Destaca-se como referência dos estudos orientalistas o autor Edward Saïd. Para ele, as práticas orientalistas são passíveis de serem identificadas por meio de quatro dogmas, a saber: as diferenças de desenvolvimento entre o Ocidente e o Oriente, a preferência pela descrição do Oriente clássico em detrimento do moderno, a visão utópica do Oriente visto como eterno o temor nutrido pelo Ocidente frente ao Oriente. A Arte Orientalista, exemplificada neste artigo por meio das pinturas temporalmente centradas no século vitoriano, constitui-se como importante ferramenta de interpretação dos dogmas descritos por Saïd. É objetivo deste artigo mostrar que o entendimento da manifestação dogmática do Orientalismo nas pinturas de artistas ocidentais nos capacita a projetá-lo em outras formas de linguagem, aperfeiçoando-nos a leitura crítica e qualificando as nossas relações interpessoais e análises políticas, baseadas, contemporaneamente, no exercício do estranhamento identitário.