A partir do século XX, surge, por parte de educadores musicais, a discussão acerca da finalidade e da forma como a música deve ser trabalhada dentro da escola regular. No Brasil, essa discussão culmina com o estabelecimento da música como componente curricular obrigatório em todas as etapas da educação básica, promulgado em 2008 pelo governo federal. Diante desse contexto, é feita uma reflexão acerca de uma problemática encontrada pelo seu autor como educador musical da rede privada da cidade de Porto Alegre, RS: o distanciamento do fazer musical cotidiano dos estudantes em relação à escola, mais especificamente, das aulas de música. Os educadores musicais têm encontrado dificuldades em tornar o aprendizado da música significativo para os estudantes, tendo como premissa o fato de que as construções culturais e musicais do mundo em que estão inseridos, muitas vezes, não são “alimentadas dentro daescola†(GONÇALVES, 2008, p. 177). A partir da observação de como, onde e por que os jovens aprendem música nos contextos extraescolares, são feitas considerações sobre como a educação musical escolar pode contemplar as necessidades emergenciais dos estudantes, eliminando o distanciamento entre os dois fazeres musicais: o escolar e o não escolar. O artigo é organizado em subtÃtulos formulados a partir dos versos da canção “Comida†(TITãS, 1987, faixa 2), em que cada verso gera a reflexão sobre um aspecto desta proposta de “informalização†da educação musical escolar. Tal proposta parte da assunção da identidade cultural que cada educador deve fazer, passando pelo reconhecimento das caracterÃsticas culturais do grupo com o qual se trabalha, culminando na sugestão de adoção de um currÃculo musical flexÃvel, que possibilite o diálogo entre professor e alunos, favorecendo a troca de culturas e a construção coletiva do conhecimento musical.