Impacto do uso de moduladores da CFTR em adolescente com fibrose cística grave

Revista Brasília Médica

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ISSN: 2236-5117
Editor Chefe: Eduardo Freire Vasconcellos
Início Publicação: 01/09/1967
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Ciências da Saúde, Área de Estudo: Enfermagem, Área de Estudo: Medicina, Área de Estudo: Saúde coletiva

Impacto do uso de moduladores da CFTR em adolescente com fibrose cística grave

Ano: 2023 | Volume: 60 | Número: Especial
Autores: Isabela Dorneles de Faria, Silvana A. Jacarandá de Faria, Kely P. Silva, Marla Ascenso Reis Ribeiro, Carolina Azevedo Pedrosa Cunha, Jaqueline Gomes dos Santos, Marilusa E. Fin, Maria Aparecida Gomes, Isadora Carvalho Trevizoli, Jaqueline R. Naves da Cruz, Luciana de Freitas Velloso Monte
Autor Correspondente: Isabela Dorneles de Faria | [email protected]

Palavras-chave: fibrose cística, moduladores cftr, adolescente

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

INTRODUÇÃO: Novos tratamentos moduladores da proteína reguladora de condutância transmembrana (CFTR) têm trazido melhorias significativas para os indivíduos com fibrose cística (FC).

DESCRIÇÃO: Adolescente feminina, 17 anos, FC pancreato-insuficiente, mutação S4X/F508del, acompanhada em um Centro FC brasileiro. Em 2021, tinha doença grave, colonização por P. aeruginosa, perda funcional pulmonar acelerada, desnutrição, múltiplas exacerbações pulmonares (EP) e internações. Apesar dos esforços do tratamento habitual, boa adesão e abordagem interdisciplinar, a evolução era desfavorável, em uso de gastrostomia, oxigenoterapia (O2) contínua, ventilação não-invasiva intermitente (VNI) e indicação de transplante pulmonar (TxP). O Volume Expiratório Forçado no 1o.seg (VEF1) reduziu de 38% para 26% em 2021. Em janeiro/2022 teve uma internação prolongada com EP secundária à COVID-19, necessitando de intubação orotraqueal por 21 dias, experiência quase fatal. Nos meses subsequentes, já muito debilitada, tinha internações mensais por EP, com poucos dias em casa. Na internação de junho/2022, iniciou a terapia tripla com moduladores tezacaftor/elexacaftor/ivacaftor (ETI). Em poucos dias evoluiu com melhora da dispneia e disposição, da quantidade de secreção pulmonar, do VEF1- 0,91L(27%) antes, passando a 1,24L(33%) em 20 dias, depois 1,63L(49%) em 50 dias- e do ganho ponderal- índice de massa corpórea(IMC) de 16,9kg/m2 antes, passando a 18,4kg/m2 em 50 dias. Nesse mesmo tempo, não tinha mais indicação de O2 suplementar, nem VNI, relatava tosse eventual, rara expectoração, não sendo mais possível a coleta de escarro para culturas de rotina, e a tomografia de tórax evidenciou melhora- estabilidade das bronquiectasias, redução dos sinais de preenchimento de vias aéreas distais e resolução dos focos consolidativos. O cloreto no suor, que era de 100 mmol/L, foi para 50 mmol/L em 1 mês de uso. Em janeiro/2023, sete meses de evolução após o início do ETI, não teve EP ou intercorrências, mantémse pouco sintomática, com VEF1 de 1,51L/ 45% e IMC de 19,7 kg/m2 (eutrofia, com ganho de 8,0 Kg). Em 5 meses, repetiu o teste de caminhada de 6min: antes 492m (com O2), depois 520m (sem O2). A monitorização clínico-laboratorial demonstrou segurança do ETI, até o momento sem efeitos adversos. Por dificuldades de acesso, a paciente faz uso irregular do ETI, atualmente com três vezes por semana, o que pode ter interferido no impacto do tratamento. Ainda assim, mantém-se estável, em uso dos medicamentos habituais, e saiu dos critérios de indicação do TxP.

DISCUSSÃO E COMENTÁRIOS FINAIS: Assim como outros estudos publicados sobre o uso do ETI, a paciente evoluiu com melhora significativa do estado nutricional, função pulmonar, sintomas, parênquima pulmonar e da perda eletrolítica no suor. Apesar de não ter sido medida a qualidade de vida neste estudo, essa terapia possibilitou uma vida muito próxima dos seus pares saudáveis. O caso em questão demonstrou um grande impacto positivo de segurança e eficácia da combinação tripla ETI.