A gripe espanhola em Portugal: a construção da memória. O trabalho médico e a assistência hospitalar

Revista Mundos do Trabalho

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ISSN: 19849222
Editor Chefe: Aldrin A. S. Castellucci
Início Publicação: 31/05/2009
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: História

A gripe espanhola em Portugal: a construção da memória. O trabalho médico e a assistência hospitalar

Ano: 2020 | Volume: 12 | Número: Não se aplica
Autores: Alexandra Patrícia Esteves, Sílvia Pinto
Autor Correspondente: Alexandra Patrícia Esteves | [email protected]

Palavras-chave: pneumônica, Portugal, memória, epidemias, médicos

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Com este trabalho pretendemos refletir sobre a gripe espanhola em Portugal, procurando evidenciar o seu impacto na sociedade portuguesa e o papel desempenhado pelos profissionais da saúde, em particular pelos médicos, na assistência às vítimas da doença. Atingido pela primeira vaga da epidemia na primavera de 1918, o país, então governado por Sidônio Pais, já sofria as consequências da sua participação na Primeira Guerra Mundial. Era um tempo marcado por carências de toda ordem, em que as convulsões sociais davam expressão ao descontentamento e à revolta da população. O surgimento e a propagação da pneumônica puseram a nu as fragilidades do país em diversas áreas, nomeadamente, em matéria de prestação de cuidados de saúde, de assistência hospitalar, de higiene pessoal e pública. A impreparação e a incapacidade reveladas pelas autoridades administrativas e sanitárias para conter e combater a doença, apesar das medidas tomadas com esse propósito, motivaram reações violentas e geraram mesmo a desconfiança da população nas entidades públicas. Valeu, na altura, a intervenção de várias instituições, designadamente das Misericórdias, que tomaram a seu cargo a prestação de auxílio aos doentes e às respectivas famílias. Para a (re)construção da memória sobre a pneumônica, uma pandemia durante muito esquecida, e traçar um quadro mais geral da situação que se viveu em Portugal, recorremos a estudos efetuados por médicos e, em particular, à imprensa da época, reconhecido o importante papel que desempenhou, apesar da censura então vigente não apenas na transmissão de informação sobre o flagelo que afetava o país e o mundo, mas também na crítica e na denúncia do que se considerava merecer reprovação.



Resumo Inglês:

With this work we intend to reflect on Spanish flu in Portugal, trying to evidence its impact on Portuguese society and the role played by health professionals, particularly doctors, in assisting victims of the disease. Struck by the first wave of the epidemic in the spring of 1918, the country, then governed by Sidônio Pais, was already suffering the consequences of its participation in the First World War. It was a time marked by shortcomings of all kinds, when social upheavals gave expression to the population’s discontent and revolt. The emergence and spread of Spanish flu exposed the country’s weaknesses in several areas, namely in terms of health care, hospital care, personal and public hygiene. The unpreparedness and the inability revealed by the administrative and health authorities to contain and fight the disease, despite the measures taken with this purpose, motivated violent reactions and even generated the population’s distrust in public entities. At the time, it was worth the intervention of several institutions, namely “Misericórdias”, which took charge of providing assistance to patients and their families. For the (re)construction of memory on Spanish flu, a pandemic that has long been forgotten, and to draw a more general picture of the situation in Portugal, we resorted to studies carried out by doctors and, in particular, the press of the time, recognizing the important role he played, despite the censorship then in effect, not only in transmitting information about the scourge that affected the country and the world, but also in criticizing and denouncing what was considered deserving of disapproval.