"Fronteiras", "entre-lugares" e lógica plural: a contribuição dos estudos culturais de Homi Bhabha para o método teológico

Estudos De Religião

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ISSN: 0103801X
Editor Chefe: Etienne Higuet
Início Publicação: 28/02/1985
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Teologia

"Fronteiras", "entre-lugares" e lógica plural: a contribuição dos estudos culturais de Homi Bhabha para o método teológico

Ano: 2012 | Volume: 26 | Número: 43
Autores: C. O. Ribeiro
Autor Correspondente: C. O. Ribeiro | [email protected]

Palavras-chave: estudos culturais, Homi Bhabha, pós-colonialismo, teologia e cultura

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Trata do método teológico a partir da busca de um equacionamento mais adequado para as relações entre teologia e cultura, com destaque para o valor dos estudos culturais para a reflexão teológica, tendo como base as análises pós-coloniais de Homi Bhabha. Destaca também as dimensões da pluralidade, da subjetividade e da ecumenicidade para o método teológico, com vistas ao reforço de uma lógica plural na reflexão teológica e nas ciências da religião e as conseqüências disso para o conjunto da sociedade. Dentro da visão crítica do pensamento pós-colonial em Homi Bhabha, destacamos o trabalho fronteiriço da cultura, que requer um encontro com "o novo" que não seja mera reprodução ou continuidade de passado e presente. Ele renova e reinterpreta o passado, refigurando-o como um "entre-lugar" contingente, que inova, interrompe e interpela a atuação do presente. Outro destaque é o horizonte hermenêutico e de intervenção social de Bhabha a partir da possibilidade de "negociação" da cultura ao invés de sua "negação", comum nas posições dicotômicas e bipolares. Trata-se de uma temporalidade forjada nos entre-lugares e posicionada no "além", que torna possível conceber a articulação de elementos antagônicos ou contraditórios e tornar possível novas realidades ainda que sejam híbridas, sem forte coerência racional interna, mas nem por isso desprovida de potencial transformador e utópico.



Resumo Inglês:

This paper deals with the theological method from the search for a more appropriate
equation for the relationship between theology and culture, highlighting the cultural
studies’ value of theological reflection, based on Homi Bhabha’s postcolonial analysis.
It also highlights the dimensions of plurality, subjectivity, and ecumenicity for the the-ological method, aiming at the strengthening of a plural logic in theological reflection
and in sciences of religion and observing their consequences for society as a whole.
Within the critical view of Homi Bhabha’s post-colonial thought, we highlight the work
of border culture, which requires a meeting with the “new” than mere reproduction or
continuity of past and present. He renews and interprets the past, reconfiguring it as
an contingent “in-between-place” that innovates, interrupts and questions the present.
We will also pay attention to Bhabha’s hermeneutical and social intervention horizon,
starting from the possibilities of culture “negotiation”, instead of its “denial”, which
is common in dichotomous and bipolar positions. It is a temporality forged in the in-
-between-places and placed in the “beyond”, making it possible to design the articulation
of contradictory or antagonistic elements and bring about some new realities, although
they are hybrid and barely coherent in terms of internal rationality, albeit with utopian
and transforming potential.



Resumo Espanhol:

Este artículo trata del método teológico a partir de la búsqueda de un mejor equilibrio
para las relaciones entre teología y cultura, destacando el valor de los estudios culturales
para la reflexión teológica, teniendo como base los análisis postcoloniales de Homi
Bhabha. Destaca también las dimensiones de la pluralidad, subjetividad y ecumenicidad
para el método teológico con el objetivo de reforzar una lógica plural en la reflexión
teológica y en las ciencias de la religión, y las consecuencias que de ahí resultan para
el conjunto de la sociedad. Dentro de la visión crítica del pensamiento postcolonial
en Homi Bhabha, destacamos el trabajo fronterizo de la cultura que requiere de un
encuentro con “lo nuevo”, que no sea mera reproducción o continuidad del pasado y
el presente. Él renueva y reinterpreta el pasado, refigurándolo como un “entrelugar”
contingente, que innova, interrumpe e interpela la actuación del presente. Otro destaque
es el horizonte hermenéutico y de intervención social de Bhabha a partir de la posibilidad de "negociación" de la cultura, en lugar de su "negación", común en las posiciones dicotómicas y bipolares. Se trata deuna temporalidad forjada en los "entrelugares" y posicionada en el "más-allá", que hace posible concebir la articulación de elementos antagónicos y contradictorios, y hacer posibles nuevas realidades aunque sean híbridas, sin una fuerte coherencia racional interna, lo cual no significa que esté desprovista de potencial transformador y utópico.