Filosofia da religião e mal radical em Kant

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ISSN: 1677-163X
Editor Chefe: Daniel Omar Perez
Início Publicação: 01/01/2002
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Ciências Humanas

Filosofia da religião e mal radical em Kant

Ano: 2007 | Volume: 2 | Número: 2
Autores: A. Pavão
Autor Correspondente: A. Pavão | [email protected]

Palavras-chave: mal radical, liberdade, religião, vontade, arbítrio.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Para Bruch (La Philosophie Religieuse de Kant), a teoria do mal não é de modo algum indispensável às tarefas da Fundamentação e da Crítica da Razão Prática, pois estas obras conteriam apenas a introdução crítica da moral de Kant, cuja tarefa seria justificar abstratamente o estatuto do julgamento moral. De acordo com Bruch, embora a teoria kantiana do mal tenha sido elaborada com conceitos da filosofia prática, ela pertence na verdade à filosofia da religião. Para o comentarista, o mal seria uma noção comandada por uma convicção de ordem religiosa. “A teoria do mal radical não é uma dedução a priori: ela se funda sobre uma convicção de essência religiosa, a uma distância igual a do otimismo racionalista e do maniqueísmo, isto é, uma convicção de essência e de origem cristã” (La Philosophie Religieuse de Kant, p. 42). Sendo assim, o mal seria necessariamente um ponto de partida que demandaria uma teoria da conversão, que por sua vez reclamaria uma teoria da graça, chegando, desse modo, “ao coração da religião revelada, e aos confins do domínio da razão” (Id, p. 43). Contra essa interpretação defenderei que o fato de o mal estar ligado, em Kant, a questões da filosofia da religião não é suficiente para afastar a possibilidade de entender o mal radical, antes de tudo, como um conceito a priori, pertencente à filosofia moral. A meu ver, uma leitura religiosa é deficiente, pois não percebe que a doutrina do mal radical está, no fundo, a responder problemas internos ao domínio crítico da filosofia moral de Kant. Apresentarei argumentos a fim de qualificar a tese de que o mal radical é, sobretudo, uma exigência da própria reflexão de Kant sobre a liberdade e não primariamente uma peça da reflexão religiosa sobre a graça e a conversão moral.



Resumo Inglês:

According to Bruch, the theory of evil is not essential to tasks of the Groundwork and CritiqueofPracticalReason, because these works include only the critical introduction of Kant’s moral, whose task would be to justify abstractly the status of moral judgement (see La Philosophie Religieuse of Kant). For Bruch, although the Kantian theory of evil has been elaboreted with concepts of practice philosophy, it actually belongs to philosophy of religion. The commentator claims that the evil would be commanded by a religious conviction. "The theory of radical evil is not a priori deduction: it is founded on religious conviction, at a equal distance to rationalist optimism and to Manichaeism, that is, a conviction of essence and of Christian origin" (La Philosophie Religieuse of Kant, p. 42). Thus, the evil would be necessarily a point of departure that demand a theory of conversion, which in turn claim a theory of grace, reaching, thus, "the heart of revealed religion, and the confines of the field of reason "(Id, p. 43). Against this interpretation, I defend that the evil is linked, in Kant, to questions of philosophy of religion is not enough to exclude the possibility to understand the evil radical, above all, as concept belonging a priori to moral philosophy. In my view, a religous reading is deficient because it does not realize that the doctrine of radical evil answers, at bottom, to critical field of Kant’s moral philosophy. I shall argument in order to qualify the thesis that radical evil is above all a requirement of Kant's own reflection on freedom and not primarily a part of religious reflection on the grace and moral conversion.