Filologia como curadoria: o caso Pessoa

Revista Filologia e Linguística Portuguesa

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ISSN: 2176-9419
Editor Chefe: Prof. Dr. Sílvio de Almeida Toledo Neto
Início Publicação: 31/12/1996
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Linguística

Filologia como curadoria: o caso Pessoa

Ano: 2016 | Volume: 18 | Número: 2
Autores: Pedro Tiago Ferreira
Autor Correspondente: P. T. Ferreira | [email protected]

Palavras-chave: Filologia. Curadoria. Administração de textos. Patrimônio. Coautoria sui generis. Esemplastic Power. Ineinsbildung.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O argumento desenvolvido ao longo deste ensaio consiste em defender que a filologia é curadoria textual. Com efeito, “curar de” significa “administrar o patrimônio de outrem”; ora, editar um texto é uma atividade segundo a qual o filólogo administra um patrimônio, ou seja, o texto que se tem em vista editar, de outrem, o respetivo autor; logo, o filólogo é um curador textual. Esta afirmação encerra, contudo, duas dificuldades que são abordadas ao longo deste estudo, e que podem ser expressas a partir das seguintes perguntas: Como se administra um patrimônio incorpóreo? Como administrar textos que se encontrem em situações semelhantes às da maior parte dos textos que compõem a obra de Fernando Pessoa, que são incompletos por inacabamento e não por partes dos mesmos se terem perdido? Nestes casos, é preciso entender que o filólogo, não deixando de ser curador, acaba por ter que assumir uma posição de coautoria sui generis, visto que a edição/administração deste tipo de textos implica a tomada de decisões que tipicamente são feitas pelos autores de obras literárias.



Resumo Inglês:

The argument presented throughout this essay is that philology is textual curatorship. “To curate” means “to administer someone else’s assets”; to edit a text is an activity according to which the textual critic administers someone else’s text, which is that author’s asset; therefore, the textual critic is a textual curator. There are two difficulties which this assertion raises, which can be formulated as follows: how can an incorporeal asset be administered? How can one administer texts whose characteristics are similar to those which make up Fernando Pessoa’s work? These texts are incomplete because they were left unfinished, not because portions of them have been lost. When this occurs, it is necessary to understand that besides being a textual curator, the textual critic becomes a sui generis co-author as well, as the critic assumes the responsibility of making decisions which are typically made by authors of literary works.