A exclusão não está longe daqui: a natureza como potencial operador biopolítico em algumas etapas da formação do Brasil

Educação - Pucrs

Endereço:
AV. IPIRANGA, 6681, PRÉDIO 15, SALA 375, CAIXA POSTAL 1429
/ RS
0
Site: http://revistaseletronicas.pucrs.br/faced/ojs/index.php/faced
Telefone: (51)33203620
ISSN: 0101465X
Editor Chefe: Nadja Hermann
Início Publicação: 31/03/1978
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Educação

A exclusão não está longe daqui: a natureza como potencial operador biopolítico em algumas etapas da formação do Brasil

Ano: 2010 | Volume: 33 | Número: 1
Autores: Luis Fernando Beneduzi, Roberto Vecchi
Autor Correspondente: Luis Fernando Beneduzi | [email protected]

Palavras-chave: colonizações, exclusão, biopoder, formação, paisagem

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Em processo marcado por elementos de continuidade e descontinuidade, problemáticos, mas perceptíveis, a “exclusão” fez parte do processo formativo do Brasil, seja em âmbito colonial seja em âmbito pós-colonial. Nesse sentido, e nos diferentes momentos históricos, a natureza funcionou como um meio que hoje poderíamos definir conceitualmente “biopolítico” na estruturação de dinâmicas de soberania e poder. De certa maneira, os discursos produzidos acerca da natureza e dos elementos que a compõem, participam de uma dinâmica complexa de elaboração de narrativas, que se apresentam enquanto um ato de verdade e um instrumento pedagógico de construção e direcionamento do olhar do homem hodierno. Como objeto central do presente artigo, levando em conta essa dimensão de produção do “real” e de controle sutil do “bíos”, busca-se analisar as relações presentes em diferentes fenômenos histórico-sociais que fundam e (re)fundam um ambiente brasileiro – a colonização e a imigração/colonização – em sua relação com os instrumentos de controle e regulação ativados em situações de exercício do biopoder. Partindo de uma problematização teórica sobre o caráter da colonização na primeira modernidade, a análise individua alguns traços precursores e problemáticos de uma técnica de governo dos viventes dentro do discurso colonial do século XVI. No que se refere ao momento do fenômeno imigratório de massa, de finais do século XIX, procura-se entender os mecanismos de fundação de uma imagem de civilidade e civilização, os quais transitam pela exclusão e destruição daquilo que é autóctone, em uma relação de exercício do poder, a partir de um excluído que constrói espaços excludentes.



Resumo Inglês:

In a process marked by elements of continuity and discontinuity, problematics and to be thought, even though perceptibles, the “exclusion” made part of the Brazilian Nation building process, in colonial and post-colonial spheres. In this sense, and in different historical moments, the nature works as a way that nowadays we can define conceptually as “biopolitic” in the production of sovereignty and power dynamics. The discourses produced about the nature are part of a complex dynamic of narratives elaboration that present themselves as a truth act and a pedagogical instrument in the construction of the modern man’s glance. As the main object of this article, considering this aspect of the production of the “real” and of the “bios”subtle control, we try to analyze the relationships presents in the different social and historical phenomenon that found and (re)found a Brazilian environment – the colonization and the immigration/colonization – related to the control and regulation instruments activated in the situations of biopower practice. The analysis, that depart from a theoretical interrogation about the mettle of the colonization in the first modernity, specify some precursor and problematics traces of a technical of the government of the life in the colonial discourse of the 16th Century. In relation to the moment of the mass immigration phenomenon, in the end of the 19th Century, we try to understand the foundation mechanisms of a civil and civilization image in which cross the exclusion and the destruction of the native things, in a practice of power that presents as the departure point an excluded that builds spaces of exclusion.