A escrita no isolamento: quando o desenho vira parte constituinte da etnografia

Proa

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ISSN: 2175-6015
Editor Chefe: Christiano Key Tambascia
Início Publicação: 01/11/2009
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Antropologia, Área de Estudo: História, Área de Estudo: Sociologia, Área de Estudo: Artes, Área de Estudo: Multidisciplinar

A escrita no isolamento: quando o desenho vira parte constituinte da etnografia

Ano: 2021 | Volume: 11 | Número: 1
Autores: Santos, Ana Clara Sousa Damásio dos
Autor Correspondente: Ana Clara Sousa Damásio dos Santos | [email protected]

Palavras-chave: Antropologia, Desenho, Etnografia, Pandemia

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Há dias que não conseguimos escrever sobre o campo. A mão não desembola, as palavras ficam trancadas, ficam sem frase, ficam sem dedo, ficam sem papel. Elas não querem existir. Elas ficam presas em um mundo que não sei nominar. Às vezes elas não querem habitar um espaço tão inóspito e frio. Tento apanhá-las enquanto minha mãe me diz: “Você tem que se jogar para a vida! Ela foi feita para isso”. Em meio ao que ela chama de “vida” tantas coisas atravessam nossa escrita (como mais de mil mortos diariamente por COVID-19). Deixo as palavras quietas no próprio mundo por um tempo. Ainda assim, algumas grafias emergem tão tímidas e incompletas, com tanta falta de vontade e tão mal criadas. Outras composições vão ganhando espaço com os processos reticentes de escrever e fazer uma etnografia em meio a pandemia. Quando forçamos algo a crescer das nossas mãos, outras coisas desembolam, outras coisas existem (por mais tristes que sejam). Nada que cresce em meio a força, vinga. O processo de deixar florescer é essencial para que as palavras tenham cada vez menos medo e mais vontade.