A aprendizagem de línguas estrangeiras constitui um campo complexo e multifacetado, frequentemente analisado a partir de percepções empíricas e observações de profissionais da área linguística. Embora alguns estudantes atinjam fluência e sucesso comunicativo no idioma-alvo, é igualmente recorrente a ocorrência de experiências insatisfatórias, nas quais os aprendizes não alcançam o nível de proficiência esperado nas quatro habilidades linguísticas — compreensão oral, produção oral, leitura e escrita — mesmo após um período significativo de dedicação. A natureza social do ser humano o expõe a conflitos de ordem socio interacional, os quais podem desencadear fatores emocionais que atuam como bloqueios psíquicos, comprometendo parcial ou integralmente o desempenho cognitivo durante o processo de aprendizagem. Nesse contexto, torna-se fundamental compreender a dimensão afetiva como elemento influente na aquisição de uma segunda língua. Este artigo tem como objetivo discutir as principais teorias cognitivas que articulam aspectos linguísticos, sociais e, sobretudo, afetivos envolvidos na aprendizagem de línguas estrangeiras. As reflexões aqui apresentadas fundamentam-se em autores como Mikhail Bakhtin e Lev Vygotsky, noâmbito da filosofia da linguagem; Howard Gardner, com a teoria das inteligências múltiplas; Larry Selinker e Juana Liceras, com suas contribuições sobre a aquisição de segunda língua; além das cinco hipóteses propostas por Stephen Krashen. Destinado a professores e profissionais da educação linguística, o presente estudo busca evidenciar como os fatores afetivos podem não apenas explicar atitudes e dificuldades dos aprendizes, mas também orientar escolhas metodológicas e pedagógicas mais eficazes. Dessa forma, pretende-se contribuir para a construção de práticas educacionais mais sensíveis, estratégicas e humanizadas no processo de ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras.