Entre o privado e o público: considerações sobre a (in) criminação da intolerância religiosa no Rio de Janeiro

Anuário Antropológico

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ISSN: 1024302
Editor Chefe: Kelly Silva
Início Publicação: 30/06/1976
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Antropologia

Entre o privado e o público: considerações sobre a (in) criminação da intolerância religiosa no Rio de Janeiro

Ano: 2010 | Volume: Especial | Número: 2
Autores: Ana Paula Mendes de Miranda
Autor Correspondente: A. S. Lobo | [email protected]

Palavras-chave: administração de conflitos, criminação, direitos, intolerância religiosa, laicidade

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Partindo da premissa que a noção de direitos é uma categoria relacional, cujo emprego supõe uma situação de interação que envolve pelo menos duas partes e um contexto determinado, este artigo apresenta reflexões sobre a demanda por criminação da intolerância religiosa a partir da mobilização
da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, formada por religiosos e militantes do movimento negro, no Rio de Janeiro.A pesquisa etnográfica possibilitou a análise de práticas de administração informais e institucionais de conflitos em situações de conflitos relacionadas às manifestações de
diferenças identitárias étnico-religiosas no espaço público. Buscou-se compreender o tratamento dado a esses conflitos pelas instituições públicas, em especial, a polícia e o judiciário, visando identificar como os dispositivos jurídicos e normativos são aplicados e apropriados em contextos distintos. Pode-se perceber que a estratégia de levar para a esfera pública os conflitos que envolvem a intolerância religiosa tem por objetivo confrontar uma das características das práticas de discriminação no Brasil, que é a sua dissimulação, representando um mecanismo que os atores, cuja dignidade tem sido historicamente negada ou desqualificada no plano ético-moral, utilizam para buscar a reversão desse cenário. Por outro lado, a atuação das instituições policiais e judiciais acaba por reprivatizar os conflitos, negando lhes a possibilidade de reivindicar direitos na esfera pública.