Em 1970, o general-presidente Emilio Médici anunciou a construção da rodovia Transamazônica que atravessaria o país no sentido Leste-Oeste visando integrar e ocupar a Amazônia com migrantes nordestinos flagelados pela seca e sulistas despossuídos de terras. A análise de obras de jornalistas, de projetos oficiais, de entrevistas com migrantes, bem como de reportagens em jornais e revistas de circulação nacional na década de 1970, permite problematizar visões sobre a rodovia e também sobre os dramas enfrentados por nordestinos na migração para a Transamazônica. Os discursos, memórias e reportagens muitas vezes são marcados por visões estereotipadas sobre nordestinos, quando se pensa o desenvolvimento do Brasil a partir da Amazônia. Estas visões são predominantemente etnocêntricas e pensam apenas em um progresso de fora para fora da Amazônia, vista apenas pelo potencial para gerar riquezas para o país, o que veio a causar impactos socioambientais na região.
In 1970, Army General President Emílio Médici announced the construction of the Transamazônica highway that would cross the country in an East-West direction in order to integrate and occupy the Amazon with drought-stricken Northeastern migrants and landless Southerners. The work analysis of journalists, official projects, interviews with migrants, as well as reports published in newspapers and magazines of national distribution in the 1970s, allow problematic viewpoints on the highway and also about the dramas faced by Northeasterners in the migration to the Transamazônica. Speeches, memories and reports are often marked by stereotyped views of Northeasterners, when thinking about the development of Brazil from the Amazon. These views are primarily ethnocentric and only think about the progress achieved outside the Amazon, seen solely by the potential to generate wealth for the country, which has come to cause socio-environmental impacts in the region.