ENSAIANDO APROXIMAÇÕES DE GÊNERO E RAÇA A LUZ DO OLHAR PÓSCOLONIAL

REALIS

Endereço:
Av. Professor Moraes Rego, 1235, Cidade Universitária, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, 12º andar, UFPE. Cidade Universitária.
Recife / PE
50670901
Site: http://www.revista-realis.org
Telefone: (82)96516996
ISSN: 21797501
Editor Chefe: Amurabi Pereira de Oliveira
Início Publicação: 31/07/2011
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Sociologia

ENSAIANDO APROXIMAÇÕES DE GÊNERO E RAÇA A LUZ DO OLHAR PÓSCOLONIAL

Ano: 2011 | Volume: 1 | Número: 2
Autores: Domitila Costa Cayres
Autor Correspondente: Domitila Costa Cayres | [email protected]

Palavras-chave: estudos pós-coloniais, movimentos sociais, gênero, raça, redes sociais.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Partindo da perspectiva dos grupos e culturas historicamente discriminados se
busca, por meio da recuperação dos aportes dos estudos pós-coloniais, sobretudo, os
desenvolvidos por Costa (s/d), Dussel (2005), Fanon, (1983) e Hall (2003), a ampliação dos
horizontes teóricos e analíticos para uma adequada compreensão dos processos de opressão
sofridos pelos grupos subalternos. Parte-se do reconhecido de que, embora a abordagem póscolonial
venha sendo frequentemente mobilizada para superação de uma visão essencialista da
história moderna, que sedimenta uma visão excludente da vida social, existem ainda poucos
trabalhos empíricos com foco voltado para a intersecção dos elementos raciais e de gênero.
Busca-se preencher essa lacuna, assim, o ensaio tem como propósito pensar a discriminação
de gênero e raça sofrida pelas mulheres negras no Brasil, tendo como referente empírico dois
fóruns da sociedade civil brasileira, quais sejam: a Articulação de Mulheres Brasileiras
(AMB) e Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB). Para isso,
um estudo documental foi realizado e identificou-se que, estes fóruns mobilizam diferentes
repertórios de ação política (CF. MCADAM, TARROW E TILLY, 2009) e optam por uma
organização em redes interorganizacionais (SCHERER-WARREN, 2006), que possibilitam a
articulação de diversas associações e movimentos sociais nacionais na expressão de demandas
simbólicas e na consolidação de uma plataforma transversal de direitos que contemple a
inclusão de diferentes identidades e valores em torno das questões feministas e étnicas.
Apesar das diferenças temáticas e ideológicas, o estudo aponta que as articulações, amparadas
por uma concepção ampla e transversal de direitos humanos, buscam estabelecer redes de
solidariedade e de mútua-ajuda em busca de maior atuação e visibilidade na esfera pública e
nos processos de desestabilização dos discursos dominantes com possibilidade de construção
de novas subjetividades e de um projeto emancipador de sociedade mais justa e equânime.



Resumo Inglês:

Starting from the perspective of groups and cultures which have been historically
discriminated, I attempt to widen the theoretical and analytical horizon in order to properly
understand the processes of oppression subaltern groups are subjected to. This is done by
reclaiming the contributions made by post-colonial studies, above all, those developed by
Costa (s/d), Dussel (2005), Fanon, (1983) and Hall (2003). I start by recognizing that,
although post-colonial approaches are frequently used to overcome an essentialist vision of
modern history, which grounds an excluding view of social life, there are very few empirical
studies focusing on the intersection of race and gender. The purpose of this essay therefore is
an attempt to fill this gap in order to think about gender and race discrimination black women
are subjected to in Brazil, using as empirical reference two forums in Brazilian civil society,
namely: the Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB) [Network of Brazilian Women] and
the Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB) [Network of
Black Brazilian Women Organizations]. In order to do this, a documental study was carried
out and it was observed that in these forums different demands for political action are
mobilized (CF. MCADAM, TARROW E TILLY, 2009) and have opted for organizing
themselves in inter-organizational networks (SCHERER-WARREN, 2006), allowing for the
articulation of a number of national associations and social movements in order to express
their symbolic demands and to consolidate a broad-ranging platform of rights which take on
board the inclusion of different identities and values in relation to feminist and ethnic issues.
Despite thematic and ideological differences, this study notes that these network articulations,
supported by a wide and far-reaching conception of human rights have sought to establish
solidarity and mutual help networks in order to increase their share of the action and visibility
within the public sphere and the processes to destabilize dominant discourses in order to build
new subjectivities and an emancipating project within a society that is more fair and unbiased.