Eleições na aldeia ou o Alto Xingu contra o Estado?

Anuário Antropológico

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ISSN: 1024302
Editor Chefe: Kelly Silva
Início Publicação: 30/06/1976
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Antropologia

Eleições na aldeia ou o Alto Xingu contra o Estado?

Ano: 2011 | Volume: Especial | Número: 1
Autores: Marina Vanzolini
Autor Correspondente: A. S. Lobo | [email protected]

Palavras-chave: weti, Alto Xingu, política ameríndia, chefia, Pierre Clastres.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O artigo propõe uma releitura da noção de sociedade contra o Estado, de PierreClastres, a partir da análise de algumas dinâmicas observadas na vida política dos Aweti, povo tupi do Alto Xingu (MT). A
história de uma eleição municipal na qual concorreram ao cargo de vereador alguns candidatos ndígenas, bem como a saga de um chefe aweti “nomeado” e “deposto” num intervalo de quinze anos, servem de ponto de partida para a descrição de aspectos centrais da chefia xinguana, que dizem respeito a como se faz um chefe, o que ele faz, e como pode ser desfeito. Num primeiro momento, é problematizada a questão da transmissão hereditária de posto ou status , aspecto que tem sido usado como indicativo de que o Alto Xingu apresenta uma estrutura política que poderia ter evoluído para formas “complexas” (internamente diferenciada em termos de classes), fato que invalidaria a tese de Clastres sobre uma lógica indígena anticentralização. Em seguida, são enfocados tantos o processo de constituição mútua entre um chefe e sua comunidade, quanto os mecanismos internos à chefia que marcariam o limite do poder de um líder
representativo. O argumento central do trabalho é que devemos seguir as oposições internas aos grupos locais – e não entre grupos locais, como por vezes insistia Clastres – para identificar o mecanismo
(ou um mecanismo)contra o Estado na vida política xinguana.