Drogas nas Forças Armadas, perfil do usuário e persecução criminal: a questão da inconvencionalidade do artigo 290 do Código Penal Militar

Revista da Defensoria Pública da União

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ISSN: 24484555
Editor Chefe: Erico Lima de Oliveira
Início Publicação: 18/10/2018
Periodicidade: Semestral

Drogas nas Forças Armadas, perfil do usuário e persecução criminal: a questão da inconvencionalidade do artigo 290 do Código Penal Militar

Ano: 2017 | Volume: 10 | Número: 10
Autores: Nidival Frota Bitencourt
Autor Correspondente: Nidival Frota Bitencourt | [email protected]

Palavras-chave: Usuário de drogas. Forças Armadas. Grupo vulnerável. Controle de convencionalidade. Descriminalização

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Este trabalho objetiva traçar o perfil dos usuários de drogas nas Forças Armadas e analisar a inconvencionalidade do art. 290 do Código Penal Militar, que proíbe a posse de drogas para consumo pessoal em área sob administração militar. A pesquisa apontou que o referido dispositivo serve majoritariamente à incriminação de usuários de drogas, jovens cabos e soldados de 18 a 21 anos, de baixa renda e baixa escolaridade, a maioria dos quais prestando o serviço militar obrigatório, que, no momento do crime, estavam desarmados, não cumpriam serviço de escala e foram flagrados na posse de ínfima quantidade de maconha para consumo pessoal. Por se tratar de um grupo vulnerável, as Convenções da ONU sobre Drogas e a novel Resolução S-30/1 aprovada na Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas de 2016 (UNGASS 2016) exigem a implementação de medidas práticas pertinentes à faixa etária, bem como a proteção da saúde, da segurança e do bem-estar desses indivíduos. No entanto, ao invés de adotar tais medidas sociais e de saúde, o Brasil segue encarcerando usuários de drogas com base no art. 290 do CPM por até cinco anos. Portanto, tal dispositivo obsta o cumprimento do compromisso internacionalmente assumido pelo Brasil perante a UNGASS 2016 e vulnera as referidas Convenções da ONU. Ante o exposto, concluiu-se pela inconvencionalidade do art. 290 do CPM e a consequente descriminalização da posse de drogas para consumo pessoal em área sob administração militar.



Resumo Inglês:

The purpose of this paper is to profile the drug users in the Armed Forces and to analyze the unconventionality of article 290 of the Military Criminal Code (MCC), that criminalize the simple drug possession for personal use in area under military administration. The research pointed out that the aforementioned article mainly serves for the incrimination of drug users, young Privates and Specialists of 18 to 21 years of age, low income and low level of education, most of whom perform compulsory military service, which, at the time of the crime, were unarmed, did not perform service of call and were caught at the possession of a small amount of marijuana for personal use. Since it is a vulnerable group, the three international drug control conventions and the Resolution S-30/1 adopted by the UN General Assembly at the Special Session on Drugs (UNGASS) 2016 require the implementation of age-appropriate practical measures as well as the protection of the health, safety and well-being of these vulnerable members of society. However, instead of adopting such social and public health measures, Brazil continues to imprison drug users based on Article 290 of the MCC for up to five years. Therefore, that article obstructs the fulfillment of the international commitment made by Brazil to UNGASS 2016 and violates the mentioned UN Conventions. In view of the above, it is defended the unconventionality of art. 290 of MCC and the consequent decriminalization of simple drug possession for personal use in area under military administration.



Resumo Espanhol:

Este trabajo tiene por objeto hacer un perfil de los usuarios de drogas en las Fuerzas Armadas y analizar la inconveniencia del artículo 290 del Código Penal Militar, que prohíbe la posesión de drogas para consumo personal en un área bajo administración militar. La investigación señaló que el mencionado dispositivo sirve mayoritariamente a la incriminación de usuarios de drogas, jóvenes cabos y soldados de 18 a 21 años, de bajos ingresos y baja escolaridad, la mayoría de los cuales prestando el servicio militar obligatorio, que, en el momento del crimen, estaban desarmados, no cumplían servicio de escala y fueron sorprendidos en posesión de ínfima cantidad de marihuana para consumo personal. Por tratarse de un grupo vulnerable, las Convenciones de la ONU sobre Drogas y la nueva Resolución S-30/1 aprobada en la Sesión Especial de la Asamblea General de las Naciones Unidas de 2016 (UNGASS 2016) requieren la implementación de medidas prácticas pertinentes a la edad, así como la protección de la salud, la seguridad y del bienestar de estas personas. Sin embargo, en lugar de adoptar tales medidas sociales y sanitarias, Brasil sigue encarcelando a los usuarios de drogas en virtud del artículo 290 del CPM por un periodo de hasta cinco años. Por lo tanto, este dispositivo impide el cumplimiento del compromiso internacional asumido por Brasil ante la UNGASS 2016 y vulnera las citadas Convenciones de la ONU. En vista de lo expuesto, se llegó a la conclusión de no convencionabilidad del artículo 290 del CPM y la consecuente descriminalización de la posesión de drogas para consumo personal en un área bajo administración militar no era discriminatoria.