Dossiê Movimentos Sociais

Convergência Crítica

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ISSN: 2238-9288
Editor Chefe: Leonardo Soares dos Santos
Início Publicação: 30/04/2012
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: História

Dossiê Movimentos Sociais

Ano: 2012 | Volume: 1 | Número: 1
Autores: Leonardo Soares dos Santos, Joana Silva, Bruno Monteiro, Doralice Satyro
Autor Correspondente: Leonardo Soares dos Santos | [email protected]

Palavras-chave: Brasil, Movimentos Sociais, Porto, Paraíba, Sertão Carioca

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

É com imensa alegria e satisfação que apresentamos a vocês, caros leitores, o
primeiro número da Revista Convergência Crítica (RCC). Ela é fruto do esforço
desenvolvido desde 2010 pelos membros do Núcleo de Pesquisas e Estudos em Teoria
Social (NEPeTS), ligado ao ainda recém-nascido Departamento de Ciências Sociais do
Instituto de Ciências da Sociedade (ESR) da Universidade Federal Fluminense. Ao
contrário do que tradicionalmente se tem evidenciado no ramo da Teoria Social, o
NEPeTS e a RCC buscam conjugar esforços no sentido de reunir e socializar uma série
de debates, pesquisas e reflexões de diferentes campos das Ciências Humanas que
tenham em comum – não obstante as suas especificidades – o esforço em se
compreender algumas das questões clássicas referidas aos fenômenos e processos
sociais. Mas não apenas em sua dimensão teórica, até porque, como logo se atestará
nesse primeiro volume são numerosos os estudos de caráter empírico.
Confessamos que não foi difícil selecionar como primeiro tema de nosso dossiê a
questão da relação entre Direitos, Sociedade e Movimentos Sociais. Junto a uma
conjuntura em que setores os mais diversos questionam não apenas a validade de
alguns conceitos e teorias sobre o “social” (e isso dentro e fora da academia), vivemos
também um assombroso processo de recrudescimento (ou seria apenas uma
reinvenção?) de discursos e práticas anti-democráticas e da consequente configuração
de uma espécie de agenda política de matiz claramente reacionário, onde os
ingredientes principais passam pelo fomento de diferentes modalidades de
intolerância como a xenofobia, a homofobia, o racismo, o fundamentalismo religioso
etc. Acrescente-se a esse caldeirão um já duradouro processo de retrocesso e
aniquilamento de diversas instâncias, mecanismos e conquistas ligados de alguma
maneira à satisfação ou preservação de direitos da “sociedade civil”.
Os desafios que vão se apresentando num contexto como esse certamente
inspiraram – ao menos indiretamente – alguns dos estudos aqui reunidos.
Iniciamos nosso Dossiê com o estudo do pesquisador português Bruno Monteiro.
Seu artigo sobre o cotidiano de uma fábrica de mobiliário na cidade do Porto procura
evidenciar por meio da análise etnográfica toda uma trama de valores, experiências,
redes de intercâmbio, práticas, relações de poder e uma leitura sobre o próprio corpo,
que estão inseridas no processo de trabalho imediato dos operários em tela.
Já David Oliveira Ricardo Pereira se debruça sobre a trajetória do Instituto de
Seguros Sociais Obrigatórios e de Previdência Geral (ISSOPG) de Portugal. O autor
reconstitui sua evolução institucional e a execução de seus projetos com o intuito de
compreender seus limites quanto aos planos por ele propugnado.
A seguir temos o instigante estudo de Inês Zuber sobre os Conselhos Comunais
de Caracas (Venezuela). Com base em seu trabalho etnográfico a autora analisa as
formas de funcionamento, o conteúdo da sua atividade e as representações sociais
sobre estas formas de organização. Por fim, Inês procura ainda problematizar o
conceito teórico de "movimento social".
Logo depois somos lançados a Setúbal pelo esforço de Joana Dias Pereira em
desvendar a dinâmica do processo pelo qual emergiram ali uma área industrial e uma
comunidade de trabalhadores e assim compreender os possíveis nexos entre a rede de
relações tecidas por esses agentes e o surgimento do próprio movimento operário do
local.
Flávia Marinho Duarte pede passagem para apresentar seu estudo sobre as
tensões, contradições e reflexões que permeiam o processo de formação dos
profissionais de saúde no Brasil por meio das políticas implementadas pelo Ministério
da Saúde.
Por fim, na seção Dossiê, temos o trabalho de Leonardo Soares dos Santos sobre
a atuação da imprensa comunista na cobertura dos conflitos de terra do Sertão Carioca
(antiga zona rural do município do Rio de Janeiro) entre os anos de 1945 e 1964.
Na seção de artigos – de temática livre – começamos pelo texto de Juliana Rosa
Pimentel, que analisa o trabalho social desenvolvido nos programas de habitação
coordenados pelo Ministério das Cidades no contexto da atual Política Nacional de
Habitação. Em seguida temos o estudo da geógrafa Doralice Sátyro Maia sobre a
modernização da cidade da Parahyba (atual João Pessoa) na passagem do século XIX
para o XX. A seção é finalizada com a minuciosa análise desenvolvida por Keith Barbosa
sobre a questão da saúde e doença entre a população escrava no Brasil, com especial
ênfase no caso do município fluminense de Cantagalo. Sem perder de vista a
importância da discussão de cunho mais conceitual, a jovem historiadora mergulha em
amplo conjunto de inventários de época e nos brinda com uma excelente investigação
sobre as experiências escravas em torno da doença, da cura e da morte.
Encerramos o volume com a publicação da resenha da pesquisadora portuguesa
Rita Ávila Cachado sobre o livro de Michel Agier intitulado Antropologia da Cidade.
Esperamos contar com a sua receptividade, e que com ela venham as críticas, as
sugestões, os comentários e as contestações. A Convergência Crítica agradece e só
tende a crescer com isso! Portanto, contamos com a colaboração de todos para a
divulgação desse projeto, que visa a ser não apenas um empreendimento puramente
acadêmico, mas que busca contribuir para a abertura de mais um canal de difusão e
construção de conhecimento, buscando assim alargar o espaço de intervenção em
favor de mais agentes dispostos a se expressarem e defenderem suas idéias e
argumentos. Entendemos assim que a efetivação de uma universidade pública e
republicana não pode tratar como algo menor a questão da democratização não
apenas do acesso, como também da própria produção de tal conhecimento. Portanto,
o sentido político dessa empreitada está mais do que claro.
Não poderíamos finalizar esse texto de boas-vindas a vocês sem dedicar algumas
palavras extras a uma talentosa pesquisadora, que mesmo lá da “terrinha”, do outro
lado do Atlântico, não poupou esforços na tarefa de arregimentar colegas portugueses
que se dispusessem a doar parte do seu precioso tempo no sentido de oferecer ao
público leitor da RCC algumas das reflexões desenvolvidas em suas pesquisas. Por isso,
o nosso muito obrigado a você Joana Dias Pereira! Sem seu empenho a Revista ainda
estaria sem ver a luz do dia.