O escopo do pensamento de Nietzsche toca uma diversidade de temas e problemas, que, direta e indiretamente, acabam por constituir uma rede complexa. Por isso, em torno a complexidade que compreende o filosofar nietzschiano não está ausente o tema do Estado, que se depreende de um tema mais amplo que é o da Política. Como filósofo da cultura, Nietzsche apresenta um diagnóstico da política, e esta passa pela necessidade de interpor superação. Não se trata de um movimento de superação das instituições e outras formas coletivas de se pensar a cultura, mas do indivíduo, mediante a sua compreensão singular. Para tanto, é preciso ultrapassar maneiras em torno as quais, em muito, acabou se apoiando, seja por uma compreensão de indivíduo subjugado ao Estado, ao modo de monstro frio a ditar normas, seja ao modo de uma moral gregária que se insurge contra o Estado ao modo de uma democracia a rebelar-se. Para além destas compreensões de Estado, baseadas em movimentos autoritários e democráticos, a reflexão nietzschiana aponta para um movimento que eclode do indivíduo em sua disposição afirmativa, capaz de superação.
