O artigo analisa trabalhos de Carlos Drummond de Andrade para compreender relações entre cotidiano, arte e alienação da vida burguesa no início do século XX. Utilizando formulações de Lefebvre e Heller na sociologia da vida cotidiana, analisam-se poemas e elementos biográficos para compreender as manifestações da fragmentação da vida na poesia drummondiana. Conclui-se que os conflitos forma-conteúdo em sua obra manifestam a crise da consciência burguesa, em contraposição à potência da consciência de classe operária Isso vai de encontro com o que sugere Lefebvre, Lukács e Heller sobre a potência do estudo do cotidiano como forma de assimilação da vida particular dentro da totalidade. Além disso, a condição periférica desponta como aspecto importante que dá particularidade à estética da obra do autor. Sua poesia emerge na luta permanente do sujeito para reconectar sinais perdidos da não-mercantilização, encontro do outro em tempos de anulação fascista da alteridade.