O presente trabalho tem como objetivo discutir e analisar trajetórias, atuações e relações de ensino em que temos presente a figura do intérprete de língua de sinais educacional incluído na dinâmica escolar: sua emergência na escola, os discursos sobre sua função e as práticas decorrentes de sua atuação tradutória coti-diana - as implicações que há no ensino de surdos, os modos como se entende tal função. A tese tem como objetivo teorizar e afirmar pelo menos três modos de mestria presentes em variadas salas de aula, especifi-camente nas que contam com a presença de pessoas surdas e de intérpretes de língua de sinais educacional. Os modos são os seguintes: o mestre explicador, o reve-lador e o emissor de signos. Em cada análise, faço um aprofundamento das possíveis relações interpessoais entre os sujeitos em dada cena, sendo, portanto, rela-ções de docência a partir dessas proposições. O olhar se dá nos espaços propostos e configurados a partir de uma relação docente, e com isso, as análises realizadas passam pelo olhar conceitual de Michel Foucault, tendo como marca as relações de subjetividades no ociden-te. Para tal empreitada, buscaram-se, nos estudos fou-caultianos os tipos de mestria possíveis, apresentados pelo autor na obra A hermenêutica do sujeito. Isso se fez para afirmar a necessidade de um retorno a uma re-lação antiga de ensino: um mestre que se ocupa com o processo e não com o produto; uma mestria que se faz não pela condução ao modelo, mas na presença do “estar com o outro”. Assim, conceitos de Gilles Deleuze e Michel Foucault são trazidos e combinados entre si para complementar o que se afirma como mestria ati-va, ou seja, uma posição-mestre, que possibilita efeito de relações parresiásticas de ensino. A posição-mestre será balizada pela relação conceitual existente entre ela e a função-educador - conceito desenvolvido na tese de doutoramento de Carvalho (2008). Nesse intento, há uma afirmação necessária, a saber, que, em toda relação de interpretação em contexto de ensino, o intérprete será convocado a atuar como mestre - de alguma forma, haverá uma convocação advinda do aluno surdo. Por-tanto, sua presença não é neutra e interfere na prática pedagógica e nos percursos e escolhas de condução em sala de aula. Tal afirmação muda o modo como se tem analisado a relação desse sujeito em contexto inclusivo. Promove outros modos de conceber a formação espe-cífica desses profissionais e, com isso, a relação neces-sária de troca do intérprete com os professores desses alunos surdos. Assim, há que se (re)pensar a inserção desses profissionais que estão atuando em muitas salas de aula, criando e recriando formas de “ensinar”, “tra-duzir” e “adaptar” os variados conteúdos que perpas-sam seus corpos e suas mãos.