Da barbárie à memória: imagens urbanas como espaços de resiliência

Revista Maracanan

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ISSN: 1807-989X
Editor Chefe: Tania Maria Tavares Bessone da Cruz Ferreira
Início Publicação: 01/12/1999
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: História

Da barbárie à memória: imagens urbanas como espaços de resiliência

Ano: 2020 | Volume: 0 | Número: 24
Autores: Hércules da Silva Xavier Ferreira, Luana Campos, Pedro Gustavo Morgado Clerot
Autor Correspondente: Hércules da Silva Xavier Ferreira | [email protected]

Palavras-chave: Memórias Traumáticas, Turismo da Dor, Lugares de Memória; Resiliência

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Nos anos 1998, 2005 e 2017, ocorreram três mortes criminosas em três espaços próximos entre si, na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. Três jovens de classe média foram brutalmente assassinados e ganharam homenagens póstumas, de uma escultura e dois grafites respectivamente. E no ano de 2018 a vereadora Marielle Franco foi assassinada, ensejando similar compreensão social e ressignificando o local de ocorrência do crime, e muitos outros, com intervenções artísticas. Tais espaços e seu entorno, assim como tantos outros que pontuam as cidades brasileiras, bem poderiam receber a alcunha de polígono da violência ou circuito da dor, por retratarem pessoas mortas. Diante desta realidade, a pesquisa aqui apresentada trata de uma reflexão analítica à luz dos conceitos de “recolhimento” e “distração” de Walter Benjamin, com a proposta comunicológica de Vilém Flusser, tendo ainda por base a poética da ausência de Fernando Catroga e os estudos culturais sobre a memória de Aleida Assmann, como uma proposta para a devida compreensão dessas práticas de intervenções urbanas enquanto fenômeno e sua função social. Por fim, as análises realizadas permitiram inferir que essa forma de ressignificação do sofrimento gera espaços de resiliência, uma vez que materializam a memória da perda no ambiente urbano, por meios de marco artístico, retratando uma última imagem positiva do falecido, para que outros transeuntes vejam e sejam afetados pelo conhecimento de seus nomes e suas histórias. 



Resumo Inglês:

In the years 1998, 2005 and 2017, three criminal deaths occurred in three spaces close to each other, in the South Zone of the city of Rio de Janeiro. Three middle class youths were brutally murdered and won posthumous tributes, of a sculpture and two graffiti respectively. And in 2018 councilwoman Marielle Franco was murdered, giving rise to a similar social understanding and giving a new meaning to the place where the crime occurred, as well as many others, with artistic interventions. Such spaces and their surroundings, and so many others that punctuate Brazilian cities, could well be called the polygon of violence or the pain circuit, for portraying dead people. In view of this reality, the research presented here deals with an analytical reflection in the light of the concepts of “recollection” and “distraction” by Walter Benjamin, with the communication proposal of Vilém Flusser, also based on the poetics of Fernando Catroga's absence and the cultural studies on the memory of Aleida Assmann, as a proposal for the proper understanding of these practices of urban interventions as a phenomenon and its social function. Finally, the analyzes made it possible to infer that this form of resignification of suffering generates spaces of resilience, since they materialize the memory of the loss in the urban environment, by means of an artistic framework, portraying a last positive image of the deceased, so that other passersby see and be affected by the knowledge of their names and their stories.