Através de sua participação em um filme realizado por uma família qom de Resistencia (Chaco argentino), a autora propõe abordar o cinema indígena como um processo em constante reinvenção. Este processo torna possível a emergência de novas formas de percepção, autoconhecimento, resistência e autoestima, ao mesmo tempo em que põe de manifesto mundos políticos e afetivos. O artigo indaga nas mútuas afetações de todos os participantes e revela a flexibilidade dos papeis constituídos a partir dos vínculos que se estabelecem. A análise se organiza em três etapas: filmagem, montagem e distribuição, mostrando a construção afetiva do filme em seus usos humorísticos e melancólicos. Por último, o artigo se detém na visualização do filme dentro das redes políticas e sociais nas quais se insere na fase de projeção e na singularidade da sua valorização pelas diferentes pessoas que o produziram.